quarta-feira, 26 de abril de 2017

56 A – 13.ª parte – Continuação 4


Correspondendo ao convite da Direcção do Departamento de Mineralogia e Geologia da Faculdade de Ciências do Porto, para instituir, no âmbito do Departamento, um novo Curso de Prospecção Mineira, beneficiando de contribuição financeira do Fundo Social Europeu da OCDE, entreguei, em 17-2-1987, documento de 11 páginas dactilografadas a um espaço, contendo as minhas sugestões no sentido de o Curso ter a eficácia pretendida.

A seguir apresento um extracto do capítulo “Resumo e conclusões”, inserido nas páginas 9 a 11:

1 – Deve aproveitar-se a oportunidade para criar, no Departamento, uma linha de investigação, em domínios da Prospecção Mineira e para preparar a execução de trabalhos para autarquias e empresas privadas (mineiras ou não), no âmbito da PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE.

2 – Face à quase total carência de equipamentos de prospecção mineira e afins, no Departamento, deve proceder-se às aquisições consideradas indispensáveis.
Consultadas várias firmas, nacionais e estrangeiras, seleccionei os equipamentos que, a seguir, indico, com os respectivos custos aproximados:
2.1 – Propostos por firmas nacionais
Material de topografia 1 192 296$
Material de resistividade eléctrica 2 388 614$
Soma 4 580 910$

2.2 - Propostos por firmas estrangeira
1 gravímetro 4 549 375$
1 magnetómetro 920 750$
1 equipamento electromagnético 980 000$
1 equipamento sísmico 800 000$
1 equipamento radiométrico 420 000$
1 equipamento para investigações laboratoriais 2 400 000$
Soma 10 070 125$

2.3 – 1 viatura”Todo o Terreno” 2 000 000$

2.4 – Material e despesas diversas (Osciloscópio, materiais de consumo, despesas de deslocação e estadia no estrangeiro, etc).
Estimativa grosseira 3 000 000$
A aquisição de material de Laboratório deve ficar dependente da sua prévia observação, na origem, em Inglaterra, se possível em trabalho, aproveitando a sugestão da empresa fabricante.
Outro material, agora não considerado, poderá vir a justificar-se, dependendo de um melhor conhecimento das suas características, através da sua observação em trabalho no campo, aproveitando a circunstância de já existirem unidades no País, numa Organização estatal.
Deve procurar-se isenção de direitos aduaneiros, para este material, dados os fins a que se destina.

3 – Deve prever-se uma SALA-LABORATÓRIO, não só para acondicionamento de todos os equipamentos, quando não estejam em uso, mas também para as montagens necessárias às aulas práticas e aos trabalhos de investigação.

4 – Devem ser destacados, numa fase inicial, dois docentes, para o sector de PROSPECÇÃO MINEIRA, aos quais competirá especializarem-se em MINERALOMETRIA, ELECTRÓNICA e INFORMÁTICA e prepararem-se para a minha substituição nas cadeiras de PROSPECÇÃO, quando tal se impuser.

5 – Deve procurar-se que os trabalhos de prospecção, visando quer o ensino, quer a investigação científica aplicada, se integrem em programas de prospecção de âmbito nacional.
Reitera-se a sugestão de aproveitar a estrutura do actual Serviço de Fomento Mineiro (ou do Instituto de Investigação que vier a substituir este Organismo), oferecendo-lhe colaboração técnica, em pessoal e em equipamentos, na campanha de prospecção, em curso na REGIÃO DE VILA NOVA DE CERVEIRA – CAMINHA - PONTE DE LIMA, com o objectivo fundamental de descobrir concentrações de minérios tungstíferos.

6 – Deve procurar-se o incremento da colaboração com outras instituições universitárias, sobretudo do Norte do País

7 – Na hipótese de se tornar inviável a contribuição financeira da C.E.E., considero este tema de tal importância que se justificaria a procura de soluções alternativas.
Talvez o Instituto Nacional de Investigação Científica e a Fundação Calouste Gulbenkian pudessem prestar alguma colaboração.
Seria também de considerar a colaboração de grandes Empresas mineiras, não fora a grave crise que, presentemente, afecta quase todas.
No entanto, não seria descabida uma consulta à SOMINCOR, já que esta Empresa é consequência directa das actividades sistemáticas do Serviço de Fomento Mineiro, durante dezenas de ano.

A este longo documento, anexei um quadro-resumo das 25 firmas consultadas e dos elementos principais das respostas recebidas.
Anexei, também um volume contendo os ofícios enviados e as propostas recebidas, acompanhadas de catálogos e outros documentos.
Qual foi, então, o resultado do meu esforço despendido, para corresponder ao convite de instituir um novo Curso de Prospecção Mineira, para cuja plena eficiência me foi prometida a verba de 30 000 contos, destinada à aquisição inicial de equipamentos indispensáveis?
Foi mais uma desconsideração, a adicionar a outras anteriores! Nem uma resposta me foi dada!!!!
Assim se goraram as minhas expectativas de poder continuar, pela via universitária, a contribuir para o racional aproveitamento dos nossos preciosos recursos minerais.
Sei apenas que, com uso de verbas disponibilizadas pelo Fundo Social Europeu da C.E.E., foi adquirido um jeep, para as deslocações de pessoal do Departamento.

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