quinta-feira, 30 de outubro de 2008

23 – Quando os Chefes tinham sempre razão

Tendo falecido o Chefe da Brigada de Prospecção Geofísica (BPG), o Director do SFM, sem me consultar, como seria eticamente aconselhável, nomeou, para o substituir, o Engenheiro que na Brigada do Sul estava encarregado do estudar as ocorrências de minérios de manganés, por Ordem de Serviço que ele próprio havia emitido, mais de uma dezena de anos antes.

Havia, então minas já estudadas, de que ainda não tinham sido entregues os respectivos relatórios finais.

Havia que apresentar também, documentação dos estudos em curso que não constava dos relatórios mensais das Secções onde se investigavam as ocorrências desses minérios.

Por outro lado, eu não reconhecia a este Engenheiro qualificações para o exercício do novo cargo, sendo certo que nas funções que lhe estavam atribuídas também não demonstrara grande capacidade

Além disso, nos meus Relatórios e Planos de Trabalhos, insistentemente apresentara sugestões no sentido de acabar com a dispersão dos estudos por várias Brigadas actuando com total independência e sem adequado controlo, no cumprimento de planos por mim elaborados.

Eu não teria a mínima dificuldade em dirigir todos os estudos e, da sua concentração numa única Brigada resultaria aumento de eficácia e considerável diminuição de despesas.

Acrescia ainda, que a parcela, de longe, mais importante das investigações geofísicas (o método electromagnético Turam) estava já a cargo da Brigada do Sul, por incapacidade da BPG em o aplicar.

Perante a importância que eu atribuía à prospecção geofísica, da qual muito dependia a actividade futura da Brigada do Sul, eu não poderia ficar indiferente a mais esta aberrante nomeação. Em posts anteriores já demonstrei o que acabo de afirmar.

Fiz, então ofício para o Director-Geral de Minas, Engenheiro Luís de Castro e Solla, com cópia para o Director do SFM, declarando esta nomeação ilegal e contrária aos interesses do SFM.

A nomeação manteve-se e eu recebi do Director do SFM uma admoestação relativamente suave.

Mas um Colega, que exercia funções em Lisboa, fora encarregado de me chamar a atenção para a gravidade do meu gesto, informando-me que os Chefes têm sempre razão .

Perplexo, perguntei-lhe onde se encontrava a lei que tal determinava. E ele enviou-me cópia de um Regulamento dos Serviços Meteorológicos Nacionais onde, de facto havia uma cláusula estabelecendo esse postulado.

Felizmente o Engenheiro em causa não esteve muito tempo no cargo, porque na reestruturação do SFM a que já me tenho referido várias vezes, foi investido em novas funções, para as quais ainda tinha menos aptidões, como irei revelar.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

22 – Projecto de prospecção aérea no Alentejo

Este foi mais um projecto que apresentei, e que tinha o apoio da OCDE, que se frustrou pela acção de dirigentes pouco empenhados na concretização dos objectivos do SFM.

Em Agosto de 1961, quando eu ainda chefiava a Brigada do Sul do SFM, fui nomeado por despacho da Director-Geral de Minas, Engenheiro Luís de Castro e Solla, para representar o País, em reuniões de um Grupo “ad hoc” sobre o tema “Métodos modernos de prospecção” que teriam lugar em Paris nos dias 11 e 12 de Setembro do mesmo ano.

Foi com alguma surpresa que tomei conhecimento desta nomeação, porquanto se mantinha ainda em vigor uma Brigada denominada de Prospecção Geofísica, e era suposto que de prospecção geofísica se fosse tratar.

De facto, o objectivo das reuniões era preparar especialistas em métodos modernos de prospecção que pudessem dar correcta execução a projectos de investigação dos recursos minerais dos países da OCDE.

A OCDE propunha-se participar financeiramente na execução destes projectos, considerando a necessidade de encontrar novas fontes de matérias-primas.

Desempenhei-me da missão com muito agrado e, quando o Presidente às Reuniões me concedeu a palavra, estando presentes representantes de 18 países, tive oportunidade de revelar que Portugal havia criado, em 1939, um Organismo estatal destinado à inventariação dos seus recursos minerais e que até já obtivera notáveis êxitos através da aplicação de métodos geofísicos.
Citei, como exemplos, os casos de Carrasco-Moínho em Aljustrel e Aparis em Barrancos pela aplicação do método electromagnético.

Na sequência destas reuniões, apresentei, em Maio de 1962, ante-projecto de prospecção aérea sobre o Alentejo.

A seguir transcrevo, traduzindo do francês original para português, excertos deste ante-projecto:

“Na parte Sul de Portugal há sobretudo jazigos de pirite, manganés, cobre e ferro.
A pirite está associada com formações porfíricas e forma geralmente grandes massas que se situam numa faixa que atravessa o País numa direcção NW, desde a fronteira com a Espanha perto da Mina de S. Domingos até ao Oceano Atlântico.
Esta faixa é a continuação em Portugal da Faixa Piritosa Espanhola.
Em Portugal, são conhecidos 6 jazigos, quatro dos quais estão actualmente em exploração.
Admite-se que outros possam existir.
Para os encontrar, foram já feitos levantamentos geofísicos sobre o terreno, cobrindo uma parte considerável da faixa portuguesa.
Empregou-se, sobretudo, o método electromagnético Turam.
Os métodos de polarização espontânea, de resistividade, potenciométricos, electromagnéticos (espira vertical), gravimétrico, magnéticos e geoquímico (para o cobre e para o chumbo) foram também utilizados, mas em pequena escala.
Este trabalho está ainda em curso de execução.
Até ao presente, apenas se descobriu uma massa de pirite, mas considera-se que subsistem as possibilidades de existência de outras massas.
Actualmente, as zonas mais interessantes são as que ainda não foram prospectadas por método algum.
Em primeiro lugar colocamos a zona entre as Minas de Aljustrel e do Louzal, que tem uma cobertura de terrenos terciários de uma profundidade variável, mas que, em alguns locais, ultrapassa 100 metros, a qual tem uma alta condutividade que torna difícil a interpretação dos resultados dos métodos eléctricos.
Estes sedimentos, que formam a Bacia Terciária do Rio Sado, estendem-se também para o Norte e nós admitimos que eles escondem formações porfíricas, com as quais podem estar associadas massas de pirite.
Um ambiente geológico análogo ao da Faixa Piritosa, perto de Alcácer do Sal, com afloramentos de pórfiros e de outras rochas eruptivas e de jaspes com mineralizações manganíferas associadas, dá consistência a esta hipótese.
Não sabemos se há já algum método suficientemente desenvolvido para detectar jazigos de pirite sob uma cobertura tão espessa e condutora como a da bacia do Rio Sado.

Outras zonas que nós consideramos com possibilidades para jazigos de sulfuretos são as seguintes:
Região de Cercal-Odemira, onde mineralizações de ferro e manganés associadas a formações porfíricas são já conhecidas;
Grande região de pórfiros, entre Montemor-o-Novo e Serpa:
Todas as zonas da Faixa Piritosa já prospectadas pelo método Turam, porque este método não pode considerar-se eliminatório, sobretudo para profundidades de investigação ultrapassando, em geral, 50 metros, nas condições geológicas da Faixa Piritosa.
O manganés encontra-se nas mesmas condições geológicas da pirite, sob a forma de carbonatos, silicatos e óxidos, em associação com jaspes. Conhecem-se numerosas ocorrências destes minérios, mas poucos jazigos exploráveis. Em muitos casos, há uma pequena percentagem de magnetite, quer nos jaspes, quer nos minérios.

O cobre encontra-se sobretudo sob a forma de calcopirite e seus produtos de alteração, em filões que se situam em formações geológicas variadas.

O ferro apresenta-se geralmente sob a forma de magnetite. Os seus jazigos situam-se “grosso-modo” numa faixa paralela á Faixa Piritosa, que se alonga desde as imediações de Montemor-o-Novo até à fronteira, perto de Moura.
Não temos elementos que nos permitam ajuizar se esta Faixa continua em Espanha. Haveria interesse em estudar esta questão.
Presentemente há apenas um jazigo de magnetite em exploração.
Para encontrar outros que mereçam exploração, cuja existência se crê possível, têm sido feitos levantamentos magnéticos, à superfície, numa parcela importante da Faixa.
Os resultados já obtidos oferecem um certo interesse.
Todavia, há ainda uma extensa zona a estudar, com problemas difíceis de resolver por este método, com observações no solo, devido a pequenas concentrações de magnetite sem interesse económico que se encontram perto da superfície e que, interpondo-se, podem mascarar a influência de massas importantes que eventualmente se encontrem em profundidade.

Acreditamos que um levantamento aéreo, pelos métodos magnético, electromagnético, gravimétrico e talvez radiométrico (se a Junta de Energia Nuclear nisso revelar interesse) cobrindo a área indicada na carta mineira deveria ser considerado, a fim de contribuir para uma mais rápida solução dos problemas enunciados.”

Este ante-projecto incluía um extracto da Carta geológica do Sul de Portugal (a Sul do Rio Tejo), à escala de 1:500 000 e um extracto da carta mineira da mesma área, à mesma escala.

Foi tão boa a aceitação do ante-projecto que a OCDE decidiu considerar a sua extensão ao Sul de Espanha.

Entretanto, ocorreram na Direcção-Geral de Minas alguns acontecimentos que vieram alterar a sequência do ante-projecto.

No segundo semestre de 1962, o Engenheiro Luís de Castro e Solla pediu a exoneração do cargo de Director-Geral de Minas (facto a que oportunamente me referirei mais detalhadamente, pelo seu ineditismo), indicando para o substituir o Engenheiro Fernando Soares Carneiro.

O novo Director-Geral, sem me dar qualquer explicação, nomeou, em Maio de 1963, como representante de Portugal no Grupo de Trabalho da OCDE para a prospecção mineira, o Engenheiro que acabara de deixar o cargo de Director do SFM, no qual se mantivera durante 15 anos.

A experiência deste Engenheiro em prospecção mineira era nula.

Isso se reflectiu, em contactos posteriores com representantes da OCDE vindos a Portugal para reuniões tendo em vista a concretização da prospecção aérea no Sul de Portugal e Espanha.

Numa dessas reuniões, que teve lugar em Lisboa, com presença do Director-Geral de Minas, de um seu Adjunto (o cognominado Ajax), do representante português da OCDE e do dirigente máximo do Grupo de Trabalho da OCDE vindo propositadamente de Paris, foi pedida a minha participação, como elemento mais conhecedor do tema, de que fora autor.

Senti-me tão mal impressionado com a falta de empenhamento dos principais representantes da Direcção-Geral de Minas e com as atitudes grosseiras do novo Director-Geral, que logo me apercebi de que o projecto se iria gorar.

E foi o que aconteceu. Não mais ouvi falar dele!

domingo, 26 de outubro de 2008

21 – O jazigo de cobre de Aparis

Foi em reconhecimento deste jazigo que se realizaram os mais importantes trabalhos mineiros do SFM, durante a sua existência de mais de 50 anos.

Estes trabalhos foram iniciados, por minha iniciativa em Fevereiro de 1953 e mantiveram-se sob minha orientação durante uma dezena de anos,

Em Maio de 1956, apresentei, em co-autoria com os Agentes Técnicos de Engenharia, João José de Oliveira Barros e Carlos de Araújo, um primeiro relatório, descrevendo os trabalhos realizados até 31-12-1955.

Dele constam 13 peças desenhadas ilustrando, com pormenor, o conhecimento adquirido sobre o jazigo, justificativo da continuação do estudo e as despesas discriminadas pelas diversas operações necessárias para sua execução.

Neste relatório, que foi submetido, como muitos outros, a apreciação do Conselho Superior de Minas, além de propor a continuação do reconhecimento, perante os bons resultados que estavam a ser obtidos, propus também a exploração, preparação mecânica e venda de uma parte do minério que fosse revelado, sem contudo comprometer a futura explorabilidade do jazigo.

Esta exploração era considerada essencial para obtenção dos dados económicos indispensáveis à correcta avaliação do jazigo.

Salientava que a instalação de uma oficina de preparação mecânica do minério bruto se tornava premente, não só para beneficiação das 16.700 toneladas com cerca que 2% de Cu deixadas em escombreiras por anteriores exploradores, mas também para concentração do minério que estava a ser extraído dos trabalhos de reconhecimento.

Excedia, obviamente, as minhas atribuições o projecto desta oficina.

Tinha sido para poder projectar criteriosamente oficinas desta natureza que se recebera, através do Plano Marshall, material de laboratório e variados equipamentos para ensaios em oficina a instalar com carácter semi-industrial.
Todavia, estes equipamentos mantinham-se encaixotados, tal como tinham vindo dos Estados Unidos, por se não ter ainda encontrado local para os colocar em uso.

O Conselho Superior de Minas deu parecer negativo sobre a minha proposta de exploração parcial do jazigo, assim dificultando uma avaliação em bases sólidas, quando fosse considerado oportuna a abertura de concurso para adjudicação da exploração mineira.

Os estudos prosseguiram, dentro dos condicionalismos existentes e, em 13 de Maio de 1956, submeti a apreciação superior um segundo relatório, respeitante à actividade desenvolvida no período de 1-1-1956 até 31-12-1958.

Deste segundo relatório constam 32 peças desenhadas elucidativas dos resultados da actividade desenvolvida:
- plantas topográficas dos diversos pisos e entrepisos até ao nível de 120 metros abaixo da superfície, com representação dos vários filões que constituem o sistema filoniano de Aparis, com indicação das possanças e teores de cobre, metro a metro;
- perfis longitudinais e transversais dos filões;
- perfis longitudinais esquemáticos dos filões com indicação das possanças reduzidas em calcopirite.

Dado seu interesse, transcrevo excertos do Resumo deste relatório:

“Desde o início do estudo do jazigo de Aparis, foram abertas, em virgem, 24 sanjas, 4.655,8 metros de galerias, 166,9 metros de poços e 199,7 metros de chaminés; foram recuperados 1.987,0 metros de galerias, 552,8 metros de poços e 140,3 metros de chaminés; foram feitos levantamentos electromagnéticos cobrindo áreas num total de 18,5 km2, com 23.084 pontos observados.”
…..
“Do conjunto filoniano que constitui o jazigo de Aparis, estão descobertos 7 filões com o rumo sensivelmente Norte-Sul, formando, algumas vezes, bifurcações fechadas e 3 com orientação quase perpendicular.
Dos primeiros, é de destacar o filão Saramago, já reconhecido numa extensão de 1.000 metros e que segundo resultados da prospecção electromagnética, terá um comprimento superior a 5.000 metros Os outros têm extensões reveladas entre 40 e 125 metros, prevendo-se, para um deles, um desenvolvimento superior a 1.500 metros.
Admite-se a possibilidade de virem a encontrar-se outros ramos filonianos, principalmente com base em indicações dos levantamentos geofísicos ainda não investigadas.”

“Estão revelados 18 “ore-shoots”, além de vários outros núcleos de mineralização de mais baixo teor”.

“As reservas computam-se em
55.590 T com 2,84% de Cu certas
9.810T com 2,82% de Cu prováveis
1. 000.000 T possíveis,
havendo ainda a considerar 31.300 T existentes em depósito, no exterior, com um teor de Cu que se presume próximo de 2%”,

“As despesas desde o início dos trabalhos atingem 7.130 contos”

“Propõe-se uma intensificação do ritmo de actividade, considerando que, à cadência actual, mais de 30 anos serão necessários para a investigação do jazigo, em toda a sua extensão, até uma profundidade média de 90 metros”

“Considerando que o reconhecimento vai exigir um dispêndio superior a 40 milhares de contos, propõe-se uma lavra parcial do jazigo, sem contudo, comprometer a sua explorabilidade.
Julga-se essencial esta lavra, não só para compensar, no todo ou em parte, as despesas, através da venda do minério, que parece assegurada, mas também para obtenção de elementos económicos indispensáveis à correcta avaliação do jazigo.
Insiste-se na premente necessidade de se instalar a oficina de preparação do minério.
Refere-se também a indispensabilidade de adequado equipamento para enfrentar os problemas que se apresentam e da resolução do problema de abastecimento de energia eléctrica através da rede geral do País.

Alvitra-se a aquisição ou expropriação da faixa de terrenos onde se situam as instalações das minas, por razões várias, entre as quais são de destacar a conveniência de formar uma pequena mata, fonte futura de abastecimento de madeiras, e a vantagem de distribuir terras de cultivo ao pessoal operário, melhorando as suas condições de vida.”

Este segundo relatório foi também submetido à apreciação do Conselho Superior de Minas, que deu parecer negativo relativamente à exploração parcial do jazigo. Todavia, o despacho ministerial que se lhe seguiu, ponderava que tal exploração era de considerar.

Nenhum destes dois relatórios foi publicado, como seria de esperar, não só porque essa era a norma instituída na primitiva organização do SFM, mas também porque Aparis poderia servir de exemplo a estudos em outras áreas, não só para o SFM, mas também para empresas privadas.

Os trabalhos prosseguiram, ainda sob minha orientação, até finais de 1963.
Eu tinha, então, em fase final de elaboração um terceiro relatório, contando já com mais de uma centena de peças desenhadas, ilustrando com todo o pormenor os trabalhos realizados e os resultados obtidos.

Nele se descreviam:
- as sondagens ao longo de toda a extensão do jazigo e também a partir de trabalhos interiores, seus resultados (logs e perfis transversais);
- o aumento considerável dos trabalhos subterrâneos, atingindo o nível de 150 metros abaixo da superfície;
- a instalação da oficina de preparação do minério e as deficiências resultantes de um errado conceito de economia que levou ao aproveitamento de maquinaria usada em outras minas, inadequada ao caso de Aparis, com as consequentes perdas;
- a instalação de um ramal de alta tensão para abastecimento de energia eléctrica;
- a construção de dois postos de transformação;
- a construção de mais de 40 casas para o pessoal operário;
- a construção de uma escola com residência anexa para a professora;
- a construção de uma casa para o pessoal técnico, quando se tornava necessária a sua presença prolongada na mina, etc., etc.

Tencionava confirmar a proposta de abertura de novos pisos abaixo do piso 150, aguardando a aprovação de um projecto de instalação de esgoto a partir do Poço S. Francisco e o consequente fornecimento dos equipamentos com características devidamente calculadas, que eu havia apresentado.

Estava também previsto apresentar, como proposta, a sugestão que repetidas vezes fiz, oralmente, de aproveitar a Mina de Aparis como Mina escola, complementando a formação dos novos Engenheiros de Minas a admitir pelo SFM e também para ensaios de novos equipamentos que fossem surgindo no mercado.
Assim se preencheria uma grave lacuna que eu observara na formação dos jovens Engenheiros que eram destacados para a Brigada do Sul.
Na realidade eu até já tinha feito estagiar, em trabalhos de topografia, na região de Barrancos, sob minha orientação, durante uma semana, dois Engenheiros que haviam sido destacados na Brigada, com muito escassos conhecimentos nesta matéria.

Todavia, uma reestruturação da Direcção-Geral de Minas atribuiu-me novas e absorventes funções, retirando-me, bem contra minha vontade, tudo o que dizia respeito a Trabalhos Mineiros.

Na nova estrutura do SFM, os Trabalhos Mineiros foram confiados a Engenheiros sem experiência alguma nesta matéria, ficando na total dependência da competência de Agentes Técnicos de Engenharia, três dos quais tinham adquirido essa competência, actuando durante mais de uma dezena de anos, sob minha orientação.

Da apresentação desse terceiro relatório, foi encarregado o Agente Técnico de Engenharia João José de Oliveira Barros

Sem deixar de reconhecer o mérito deste excelente colaborador, devo referir que tal relatório esteve longe de traduzir a importância do que estava em causa.

Em próximo post, descreverei a sequência dos acontecimentos, que culminaram com o abandono do estudo da área.

sábado, 18 de outubro de 2008

20- A Região cuprífera de Barrancos

Os estudos efectuados pelo SFM, nesta Região Mineira, poderiam ser considerados como paradigma para investigações em outras áreas, não fossem as perturbações introduzidas por dois inexperientes Directores do SFM e pelo então denominado Conselho Superior de Minas que era composto por Engenheiros Inspectores Superiores, em fim de carreira, mais burocrática que técnica, fazendo jus ao epíteto de “engenheiros de papel selado” como um Director-Geral chegou a intitulá-los.

Aqui se tentou cumprir um programa de prospecção, seguindo disciplinadamente as suas diversas fases, tal como eu viria a ensinar de 1970 até 1990, nas aulas de Prospecção Mineira do Curso de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, quando assumi as funções de Professor daquela cadeira, para que recebi convite do Professor Montenegro de Andrade.

De facto, começou por se proceder, na sede da Brigada do Sul, à pesquisa exaustiva de toda a documentação existente nos Arquivos da Direcção-Geral de Minas acerca das concessões mineiras outorgadas naquela Região e da informação geológica contida sobretudo em publicações dos Serviços Geológicos de Portugal.
Usaram-se também, obviamente, as informações actualizadas contidas em recentes tratados sobre jazigos minerais e estudos de autores espanhóis sobre a zona fronteiriça de Villlanueva del Fresno.

Destaco o minucioso estudo de Nery Delgado sobre o Sistema Silúrico Português, com data de 1908, e os relatórios de Pedro Vítor da Costa Sequeira, João Ferreira Braga, Frederico de Albuquerque d’Orey, J. A. C. Neves Cabral, Jacinto Pedro Gomes, Leopoldo Barreiro Portas (que ainda conheci pessoalmente e que julgo avô dos actuais políticos Paulo Portas e Miguel Portas) e Manuel de Sousa Birne.

Foi assim preparado um dossiê que entreguei à segunda Brigada de Levantamentos Litológicos, que ficou encarregada pela Direcção do SFM, de proceder a uma fase de levantamentos litológicos orientada sobretudo no sentido de seleccionar os locais mais propícios às concentrações cupríferas, tidas em conta as condições de ocorrências destes minérios

Não foi muito feliz a actuação desta Brigada, como aliás já era de esperar, pelo seu passado em outras áreas. Muito pouco ou nada se adiantou relativamente ao que já era conhecido de estudos anteriores, sobretudo de Nery Delgado.

Com o conhecimento geológico que foi possível conseguir, passou-se, então a uma fase de prospecção pelo método geofísico de prospecção electromagnético Turam, o único de que a Brigada do Sul dispunha e que era apropriado para detectar formações de baixa resistividade eléctrica, como era de esperar dos enchimentos filonianos, mineralizados ou não, pois, tratando-se de zonas de fractura, continham águas de infiltração tornadas condutoras pela dissolução de materiais do enchimento ou das rochas encaixantes.

Esta campanha teve pleno êxito.

Foi revelado, numa extensão de 4 km, o sistema filoniano de Aparis, através da anomalias electromagnéticas muito evidentes, demonstrando assim a eficácia desta técnica na detecção de jazigos filonianos.

Desta campanha, seus resultados, justificativos de projecto de 30 sondagens, consta o relatório que apresentei em co-autoria com o Agente Técnico de Engenharia João José de Oliveira Barros sob o título “Prospecção e pesquisa de filões cupríferos na Região de Barrancos”.

Este relatório não foi publicado, embora tivesse sido preparado para tal fim.

Todavia, quando em 1965 fui encarregado de representar a Metrópole em Jornadas de Engenharia que tiveram lugar em Moçambique, tive ocasião de apresentar o êxito obtido pelo método electromagnético Turam na detecção do sistema filoniano de Aparis, juntamente com outro importante êxito obtido por variadas técnicas geofísicas e geoquímicas, a que oportunamente farei referência.

A comunicação que apresentei às Jornadas, sob o título “Dois casos de aplicação de técnicas geofísicas e geoquímicas, à prospecção mineira na Metrópole” foi publicada pela Sociedade de Estudos de Moçambique.

No próximo post, darei notícia dos importantes trabalhos efectuados, sob minha orientação, para reconhecimento do jazigo de Aparis, dos resultados conseguidos e da falta de acolhimento da minha sugestão de aproveitamento desta Mina, como escola de formação de técnicos da indústria mineira, complementando a formação universitária

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

19 – Minas de zinco da Região de Moura

Quando, em 1948, fui designado para chefiar a Brigada do Sul do SFM, já se encontravam em curso, a cargo da Secção de Moura, trabalhos nas Minas de ferro e zinco, denominadas Preguiça N.º 1, Preguiça N.º 2, Herdade de Vila Ruiva e Herdade de Vila Ruiva N:º 1.

Sob minha direcção, estes trabalhos continuaram até onde o permitiram os escassos meios então disponíveis.

Foi, uma vez mais, impossível ultrapassar o nível hidrostático, perante o elevado caudal de água a esgotar, para atingir níveis onde pudesse ser estabelecido contacto com o minério primário.

Perante tal impossibilidade, decidi apresentar relatório descritivo dos trabalhos efectuados e dos resultados obtidos, terminando com programa a cumprir para mais amplo conhecimento do jazigo.

A seguir, transcrevo, pelo seu interesse, parte do Resumo do Relatório entregue em Maio de 1956, com o título “Formações zincíferas da Serra da Preguiça”, que foi subscrito não apenas por mim, como seu autor, mas também pelos Agentes Técnicos de Engenharia João José de Oliveira Barros e Carlos de Araújo, aos quais se ficou devendo precioso apoio local aos trabalhos realizados:

“Admitimos que o minério calaminar tem origem em sulfuretos, principalmente pirite e blenda, que existiriam em veios e em impregnação nos calcários, os quais teriam sido submetidos a cementação por águas superficiais carregadas de anidrido carbónico.

Para reconhecimento do jazigo, além de desobstruir os antigos trabalhos, abriu o Serviço 33 sanjas, 830 metros de galerias e 170 metros de poços verticais e inclinados, cabendo à Mina da Herdade de Vila Ruiva 76% do total.

A despesa efectuada foi de 1 026 475$10.

A irregular distribuição dos núcleos mineralizados não permite uma avaliação de reservas certas. No entanto, com base em hipóteses que formulamos, admitimos existirem reservas prováveis de 30 000 toneladas com 32% de zinco na Mina da Herdade de Vila Ruiva e 70 000 toneladas com 7% de zinco, na Mina da Preguiça N.º 2, não sendo de considerar as existências das outras Minas.

Não pretendemos ter descoberto todas as bolsadas de minério útil.
Para localização das que ainda possam existir, julgamos aconselhável, de preferência à adopção dos dispendiosos processos clássicos, o emprego do método geoquímico de prospecção nas zonas não contaminadas da grande mancha calcária onde se situam estas formações;
do método sísmico de prospecção, considerando a provável diferença de propagação das ondas sísmicas nos calcários e nos núcleos ocreosos;
de sondagens para reconhecimento profundo da principal formação de minério compacto e eventual contacto com sulfuretos primários;
de possíveis sondagens com base nos resultados dos levantamentos geoquímico e sísmico;
de sondagens com comprimentos de 10 a 15 metros no alinhamento das concentrações zincíferas de Vila Ruiva e Preguiça N.º 2, com vista à localização de novos núcleos ocreosos.

À superfície, ficaram em depósito cerca de 4 000 toneladas com um teor médio de 17,8% de Zn, provenientes dos trabalhos antigos e dos efectuados pelo Serviço.”

Este Relatório esteve, como outros de que fui autor ou coautor, “metido na gaveta”, durante anos. Foi publicado em 1958, em “Estudos, Notas e Trabalhos do Serviço de Fomento Mineiro”, depois de eu me ter dirigido pessoalmente ao Director-Geral de Minas a perguntar porque estava a ser feita tal discriminação, quando estudos de muito menos importância eram publicados.

Em resultado da publicação, a “Compagnie Royale Asturienne dês Mines”, que já se encontrava instalada em Portugal, mostrou-se interessada em firmar contrato com o Estado Português, com vista a dar cumprimento a um programa de prospecção, pesquisas reconhecimento e exploração, idêntico ao que por mim havia sido apresentado.

O contrato foi firmado, sem me ter sido pedido parecer e, quando tomei conhecimento do seu clausulado, logo me surpreendeu o facto de apenas ter sido exigido como contrapartida pelos direitos outorgados, além da natural entrega de relatórios das actividades desenvolvidas, o pagamento das despesas pouco significativas, referidas pormenorizadamente no Relatório.

Tendo-me deslocado a Lisboa, mostrei esta minha surpresa ao Director-Geral, informando-o de que, contando apenas com o minério em depósito no exterior, havia valor muito superior ao exigido no contrato.

Tinha havido uma incorrecta interpretação do articulado do Decreto-lei de criação do SFM. As compensações ao Estado devem, obviamente, estar apenas relacionadas com os valores revelados e não com as despesas originadas pela sua revelação.
Reconhecendo este erro, o Director-Geral disse nada já haver a fazer...

A CRAM logo se empenhou na exploração das reservas do minério rico da Mina da Herdade de Vila Ruiva, ao mesmo tempo que iniciou o cumprimento de um programa de levantamentos geológicos e geoquímicos, extensivo a vasta área que lhe foi adjudicada, seguido da execução de sondagens em locais de anomalias.

Na Mina da Preguiça N.º 2, procedeu, também, à abertura de um poço vertical interior, a partir do 3.º piso, para instituição de um 4.ªºpiso, onde entraria em contacto com o minério primário evidenciado nas sondagens.

Todavia, também a CRAM, apesar dos poderosos meios que disponibilizou, considerou anti-económica a exploração das reservas evidenciadas e a evidenciar, perante o previsível dispêndio para manter a Mina livre das águas.

A CRAM ainda contactou o Organismo de Estado, então existente, denominado Junta de Colonização Interna, para colaboração nas despesas de esgoto desta água fóssil, considerando que ela representava uma apreciável riqueza, numa região do País com boas aptidões agrícolas, muito carecida de água.

Não tendo obtido resposta, decidiu abandonar o seu projecto de aproveitamento dos minérios zincíferos da Região de Moura.

É justo salientar o notável progresso trazido por esta Companhia ao conhecimento da faixa que, mais tarde, passei a designar por Faixa Magnetítica e Zincífera Alentejana.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

18 – A descoberta de ouro na Região de Montemor-o-Novo

Também esta descoberta se deveu a trabalhos de minha iniciativa efectuados na Secção de Montemor-o-Novo da Brigada do Sul do SFM.

Pouco antes da minha aposentação em 1990, começaram a surgir notícias, em jornais e em outros meios de comunicação social, sobre importantes descobertas de ouro na região de Montemor-o-Novo, sem menção de já haver informação publicada acerca destas ocorrências.

Tendo-me deslocado a Lisboa, aproveitei a oportunidade para apresentar ao Director do SFM documentos comprovativos da origem da descoberta, esperando que ele se encarregasse de esclarecer o País sobre o papel do SFM nesta matéria.

Tal não aconteceu, porém, perdendo-se mais uma ocasião de mostrar ao País que o SFM, então já muito enfraquecido, tivera no passado departamentos que bem souberam dar cumprimento aos objectivos do SFM, apesar das muitas dificuldades que tiveram de enfrentar.

Era uma oportunidade para mostrar ao País que providências deveriam ser tomadas no sentido de revitalizar este Organismo de criação de riqueza, essencial ao País.

À descoberta de ouro na Região de Montemor-o-Novo, fazem referência os relatórios mensais e anuais da Brigada do Sul do SFM, desde 1950 até 1962, dizendo respeito a ocorrências nas seguintes herdades: Grou, Romeiras, Defesa, Fales, Chaminé, além de outras onde os teores foram menos significativos.

Os volumes VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV e XVI de “Estudos Notas e Trabalhos do Serviço de Fomento Mineiro”, contêm, no relatório anual do SFM, informação sobre essas ocorrências de ouro, baseadas nos relatórios da Brigada do Sul.

O primeiro indício sério da existência de ouro na Região foi encontrado, em 1950, na Herdade do Grou.

Num afloramento quartzoso, localizado nas proximidades da Mina de antimónio da Herdade das Palmas, que então se encontrava em estudo, foi detectada a presença de antimonite.
Fez-se aí colheita de amostras, que se enviaram para o Laboratório da sede do SFM, no Porto, para ser verificado se, em associação com a antimonite, existiria ouro.

O Director do SFM, fez-me telefonema para Beja, em tom estranho, começando por me perguntar a razão pela qual eu tinha enviado tais amostras para análise química.

Consciente da recomendação que me havia sido feita de limitar o número de amostras para análise, perante a fraca capacidade de resposta do Laboratório, respondi, receando nova advertência, que muitas vezes, em associação com a antimonite, ocorre ouro e eu pretendia saber se esse era o caso.

E era! A análise de uma das amostras, repetida por diversas vezes, para obter confirmação, revelara um teor elevadíssimo: 129 gr/T!

Em face deste resultado, foram feitos alguns trabalhos de pesquisa, a partir do aforamento quartzoso, tendo ficado evidenciada uma formação de muito pequenas dimensões, mas com rica mineralização aurífera.

Continuando a investigar minuciosamente todos os afloramentos da Região, várias outras ocorrências auríferas foram detectadas, às quais fiz acima referência.

Na área da Mina da Herdade da Chaminé, ainda foi efectuado um levantamento geoquímico, tendo as análises sido efectuadas em Inglaterra, aproveitando os contactos que haviam sido estabelecidos com a Companhia Lea Cross, quando ela actuara na Faixa Piritosa.
O SFM não estava, então, ainda habilitado a fazer análises por esta recente técnica. Os resultados foram francamente positivos.

Todos estes trabalhos constam de um conjunto de mais de 100 peças desenhadas, em fase avançada de elaboração, que iriam ilustrar um relatório sobre as ocorrências minerais da Região de Montemor-o-Novo – Alcácer do Sal, que não cheguei a concluir, porque, em 1963, em consequência de uma reorganização do SFM, fui investido em novas funções.

Estas novas funções, a que oportunamente me referirei, absorveram totalmente as minhas horas normais de trabalho e as muitas que dediquei, fora do horário normal, incluindo sábados e domingos. Tornou-se-me, pois impossível completá-lo.

Os vegetais de todas as peças desenhadas fazem parte do espólio que deixei no SFM, quando me aposentei, em 1990. Conservo, também, em meu poder cópias em papel ozalid.

Em 1966, surgiram em Portugal poderosas Companhias mineiras estrangeiras oferecendo atractivas condições para obterem direitos de prospecção em vastas áreas, com predomínio da Faixa Piritosa Alentejana e a posterior concessão do direito de exploração dos jazigos que forem revelados.

O Director-Geral de Minas, então em exercício, considerou útil a celebração de contratos com estas Companhias.

Foi assim que foi posta a concurso (V. Diário do Governo III Série, N.º 210 de 8 de Setembro de 1969) uma área do concelho de Montemor-o Novo, que abrange as principais ocorrências de ouro, com o objectivo de ser dada continuidade aos anteriores estudos do SFM.

A área foi adjudicada a “Mining Explorations (International) mas esta Companhia pouca actividade desenvolveu.
Todavia, os dados que lhe foram facultados passaram a figurar nos arquivos de Empresas canadianas.
É daí que provem o interesse de novas Companhias canadianas, nesta Região de Montemor-o-Novo, estimuladas pelas elevadas cotações que o ouro tem atingido.

sábado, 11 de outubro de 2008

17 – A descoberta do jazigo de chumbo, zinco e cobre do Torgal

Este foi mais um caso de obstrução à actividade da Brigada do Sul (BS) e de deliberada ocultação de um êxito do SFM, em que estive directamente envolvido.

Torgal é um jazigo rico em galena, blenda e calcopirite e com significativo teor de prata, por mim descoberto, em Novembro de 1953, no Barranco da Corte Seixo, afluente da Ribeira do Torgal, por sua vez afluente do Rio Mira, quando investigava a continuidade das manchas de pórfiros que anteriormente havia encontrado na Mina do Cerro dos Cunqueiros, na Herdade do Castelo.

Procurava então avaliar a extensão destas manchas para projectar a campanha de levantamentos geológicos que depois foi empreendida, sobre base topográfica à escala 1:5000, cobrindo uma superfície de 399 km2.

No referido barranco onde penetrei com dificuldade dada a espessa vegetação que o cobria, encontrei blocos de consideráveis dimensões, com mineralização de galena, blenda, calcopirite e carbonatos e óxidos de ferro e manganés, sem indícios de grande transporte, fazendo prever grande proximidade do jazigo de que eram oriundos.

Liberta a linha de água do mato e silvado que densamente a revestiam, nas imediações do local mais a montante onde se encontraram os blocos e após ligeira escavação na encosta virada a Nascente, foram postos a descoberto, à cota de 32 m acima do nível do mar, dois filões, distantes, entre si, de cerca de 7 metros, com enchimento análogo ao dos blocos.

O jazigo assim descoberto, que passei a designar por Torgal, foi, em seguida objecto de trabalhos de pesquisa, apenas á cota de 32 m e a cotas superiores.

Por não se dispor de material de esgoto, todos os trabalhos se situaram acima do nível hidrostático, tendo ficado definidas as seguintes reservas prováveis:
a) Filão principal: 5800 toneladas de minério com 13,2% de Pb: 6,4% de Zn; 0,6% de Cu e 153 gr/T de Ag
b) Filão secundário: 3200 toneladas de minério com 19,5% de Pb; 6,8% de Zn; 0,2% de Cu e 185 gr/T de Ag

Era essencial investigar o jazigo do Torgal a maior profundidade, preferivelmente por sondagens, como se sugeriu, até porque se havia observado um notável enriquecimento, da superfície para os níveis inferiores.

Esteve também prevista, no Plano de trabalhos da BS para 1956, uma ligação, por galeria, com o jazigo de ferro e manganés dos Pendões, começando à cota de 32m, para conhecer a evolução do enchimento deste jazigo em profundidade.

Tal objectivo, que se tinha tentado atingir por meio de duas sondagens, não tinha sido conseguido porque os furos sofreram desvios tais, na sua trajectória, que o seu valor foi praticamente nulo.

A enorme pressão da Direcção do SFM no sentido de encerrar a Secção impediu a execução destes trabalhos.

Concluída a primeira fase de estudos do jazigo do Torgal, recolheram-se, junto à entrada das galerias 1, 2 e 4, cerca de 100 toneladas de minério com teores muito superiores aos que referi, por terem resultado de uma escolha manual.

Dos trabalhos executados consta o relatório que apresentei em Dezembro de 1956, em co-autoria com o Agente Técnico de Engenharia Orlando de Barros Gaspar, que pouco tempo antes tinha ingressado no SFM, ficando destacado na Secção de Cercal do Alentejo da BS para prestar, sob minha orientação, o apoio local à actividade em curso.

O Relatório, preparado para publicação, tem 48 páginas dactilografadas, 9 peças desenhadas, 5 fotografias e mapas de avanços e despesas discriminando pormenorizadamente o custo de cada um dos trabalhos executados.
Tem os seguintes capítulos:
1 - Introdução
2 - Trabalhos de pesquisa realizados (à superfície; subterrâneos)
3 - Características do jazigo (Filão principal; Filão secundário)
4 - O minério
5 - Reservas
6 - Outras ocorrências de mineralizações de chumbo, zinco e cobre, na Região de Cercal – Odemira
7 - Prospecção geofísica
8 - Despesas efectuadas
9 - Conclusões e Resumo
10 – Summary
.
A importância desta descoberta resulta do facto de se ter confirmado a hipótese de os filões ferro-manganíferos da Região de Cercal – Odemira poderem evoluir, em profundidade para jazigos de sulfuretos do Grupo BGPC (blenda, galena, pirite, calcopirite).

Não foi apenas no Torgal que se encontraram sulfuretos de chumbo, zinco e cobre. Também nas minas de Pendões, Maceira, Furnas da Varejeira e Courela dos Gaviões, situadas na sua proximidade, ocorrem estes sulfuretos, embora com menos exuberância.

Todas estas ocorrências, conjugadas com o ambiente geológico idêntico ao da Faixa Piritosa, permitiram formular a hipótese de se tratar de remobilizações de grandes concentrações de sulfuretos maciços, tal como se considera que as ocorrências cupríferas de Algaré, Barrigão. Brancanes e Porteirinhos sejam remobilizações originadas no jazigo de Neves – Corvo.

A esta hipótese me referi já no artigo publicado em 1955 sob o título “Prospecção de Pirites no Baixo Alentejo”.

Quando o SFM dispôs de meios adequados para investigar esta hipótese, foram realizadas novas campanhas de prospecção, por métodos geofísicos e geoquímicos. A elas me referirei oportunamente, pois tenho estado a descrever apenas estudos efectuados no âmbito da Brigada do Sul, isto é, no período de 1948 até 1964.

O Relatório que tenho vindo a citar nunca foi publicado e para esta decisão do Director do SFM não poderia ser invocada a extensão, pois tem apenas 48 páginas dactilografadas.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

16 - A valorização da Região Mineira de Cercal - Odemira pelo SFM

O SFM, pouco tempo após a sua criação, iniciou estudos na Região de Cercal – Odemira, onde tinham sido outorgadas numerosas concessões para exploração de minérios de ferro e manganés. As poucas concessões ainda em vigor encontravam-se com lavra suspensa.

O SFM considerou importante conhecer as reservas destes minérios, que não estavam bem definidas, pois elas eram essenciais para a metalurgia do ferro que se projectava instalar no País.

Os trabalhos de pesquisa e reconhecimento foram iniciados em 1942 e prolongaram-se até Agosto de 1956, tendo estado a cargo da Secção de Cercal do Alentejo da Brigada do Sul (BS).

Decorreram, como já disse em post anterior, com meios semi-artesanais, até ao início da década de 50 do século passado.
Uma das maiores dificuldades foi originada pelo elevado caudal de água, que era necessário esgotar, quando tinha que se ultrapassar o nível hidrostático.

Só quando se receberam grupos electrogéneos e electrobombas, ao abrigo do Plano Marshall, se considerou possível o prolongamento de poços para investigação de níveis mais profundos e eventual contacto com o minério primário, pois não havia dúvidas de que os óxidos de ferro e manganés ocorrentes acima do nível hidrostático tinham resultado da alteração de um minério primário que, com maior probabilidade, seria composto de carbonatos de ferro e de manganés visto terem sido encontradas pseudomorfoses destes minerais.

Todavia, mesmo com ao auxílio de bombas eléctricas capazes de esgotar 80 m3/hora, tornou-se impraticável o reconhecimento dos jazigos às cotas indicadas para definir reservas certas confortáveis e para tomar contacto directo com o minério primário.
Foi por isso decidido prosseguir a investigação por meio de sondagens aproveitando a circunstância de o SFM ter já adquirido valiosa experiência nesta técnica, mercê da dedicação de alguns Agentes Técnicos de Engenharia.

Não foi, porém, possível dar completo cumprimento aos projectos que apresentei, porque o SFM não dispunha ainda de sondas capazes de atingir as profundidades previstas e também porque o Director do SFM passara a exercer enorme pressão para que fosse encerrada a Secção, sendo certo que muito havia ainda a investigar, perante as novas potencialidades reveladas através dos levantamentos geológicos que estavam em curso, sob minha directa orientação e participação.

Em 1956, o Director do SFM que já tinha “transigido” em deixar concluir o levantamento das rochas vulcânicas então abrangidas pela designação geral de rochas porfíricas, fez nova transigência, permitindo que fosse concluída uma primeira fase de trabalhos mineiros de pesquisa e reconhecimento num pequeno jazigo de cobre, chumbo, zinco e prata, por mim descoberto, com afloramentos na Ribeira do Torgal, afluente do Rio Mira.

Quando decorriam estes trabalhos, encontrava-se a preparar a sua tese doutoramento sobre a geologia da região de Odemira, o Geólogo Klein sob a supervisão do Professor da Universidade de Amesterdão, Mac Gillavry.
A ambos proporcionei informações sobre afloramentos de variadas rochas ígneas e visitas aos trabalhos subterrâneos da Mina do Torgal.

Com o Professor Gillavry estabeleci um acordo, no sentido de a tese de Klein não ser publicada antes da publicação do Relatório que tinha em avançada fase de elaboração, sobre os jazigos ferro-manganíferos da Região de Cercal – Odemira.

Fiz referência a este acordo num Relatório Mensal e obtive do Director uma reacção inesperada: "Não sabia quando e se o Relatório seria publicado".

Perante esta reacção, logo escrevi ao Professor Mac Gillavry desligando-o do compromisso que havia assumido para comigo. A tese de Klein pôde assim ser publicada e constituiu, como se esperava, mais uma valiosa contribuição de Geólogos holandeses para o conhecimento da geologia do Alentejo.

Dos estudos realizados pelo SFM, na sua maior parte da minha inteira responsabilidade, resultou o Relatório com 305 páginas dactilografadas, que apresentei em 1957, sob o título
Jazigos ferro-manganíferos de Cercal – Odemira,
preparado para publicação, como era habitual acontecer na série “Relatórios do Serviço de Fomento Mineiro”.

Dele constam os seguintes capítulos
A – Introdução - Páginas 1 e 2
B - Região Mineira de Cercal – Odemira ( Situação e vias de acesso; História; Topografia; Geologia; Generalidades sobre os jazigos; O minério) - Páginas 3 a 30
C – Os jazigos. As Minas - Páginas 31 a 247
D – Despesas - Paginas 248 a 250
E - Considerações sobre o problema do ferro do Sul do País. - Páginas 251 a 254
F – Resumo e Conclusões - Páginas 255 a 265
G – Summary and conclusions - Páginas 266 a 273
H – Obras consultadas - Páginas 274 a 289
I - Apêndice. Relação de amostras da zona mineira de Cercal - Odemira enviadas para análise microscópica ou paleontológica - Páginas 290 a 305

Do relatório, além do texto, constam 86 peças desenhadas e 45 fotografias.

Todos os trabalhos efectuados estão pormenorizadamente descritos, com apoio das peças desenhadas.
As despesas com eles efectuadas estão também mencionadas, com todo o detalhe, em “mapas de avanços e despesas” durante o período em que decorreram sob minha direcção.
A elaboração destes mapas tornara-se essencial para saber o custo exacto dos trabalhos e poder fazer orçamentos, com a certeza de serem cumpridos, como, de facto aconteceu.

Saliento a minha importante contribuição para o conhecimento da geologia da Região.
Logo na minha primeira visita à Mina da Serra Comprida em princípios de 1948, após prévia consulta à documentação disponível, me apercebi da flagrante semelhança das rochas que ali ocorriam com as da Faixa Piritosa, bem minhas conhecidas.

Não dei, então, muita importância a esta observação, pois tinha presente o que constava em relatórios da Brigada do Sul, onde acabava de ingressar, nos quais estavam assinalados apenas xistos cinzentos e xistos castanhos.

Conhecia-se, é certo, um estudo do Geólogo alemão Heinrich Quiring que assinalava a existência de rochas ígneas, mas tal estudo, com alguma razão, tinha sido fortemente criticado pelo prestigiado Professor de Geologia Carríngton da Costa e a informação que me chegava era de ridicularização do Geólogo alemão, que tirara conclusões apressadas de observações feitas em reduzido tempo.

Aconteceu, porém, que durante as visitas que ia fazendo a todas as 129 minas que constam deste Relatório, para planificação de futuros trabalhos de pesquisa, deparei na Mina de Cerro dos Cunqueiros, na Herdade do Castelo, com afloramentos de pórfiros evidentes com grandes fenocristais!

Em novas visitas, foi-se confirmando a existência abundante destas rochas, transitando gradualmente para rochas xistentas, concordantes com elas.

Decidi, então, promover o levantamento integral destas rochas ígneas, preparando para o efeito, um elemento do pessoal assalariado que já tinha dado provas da sua capacidade, desde que o recrutara, em 1944, na Mina de S. Domingos.

Foi assim que se fez o levantamento geológico, em cartas à escala 1:5000, de uma área de 399 km2, abrangendo a quase totalidade das minas referidas neste Relatório.
Não se atingiu a Mina de Cerro do Rocio em Aljezur, que não tem afinidades com as restantes minas.

No Relatório, apresento estes levantamentos reduzidos à escala 1:25000, sobre base topográfica dos Serviços Cartográficos do Exército.

Para me certificar do rigor dos estudos que estavam em curso, promovi que o Colaborador do SFM, Professor J. M. Cotelo Neiva visitasse, por duas vezes, a Região, proporcionando-lhe a observação directa dos locais mais representativos e dos locais onde tinha maiores dúvidas.

Tive então ocasião de expressar as minhas ideias sobre a geologia da Região, sobre a génese dos jazigos conhecidos e sobre as potencialidades que considerava terem sido reveladas para a ocorrência de jazigos de pirite idênticos aos da tradicional Faixa Piritosa.

Combinou-se o envio de amostras para exame microscópico no Laboratório do Porto, ainda localizado no palacete da Rua de Santos Pousada, para maior segurança nos estudos.

Todavia, a quase totalidade destas amostras não foi objecto de estudo, como refiro no Apêndice do Relatório e nas visitas o apoio foi nulo. Algumas amostras estavam mesmo incorrectamente classificadas, por demonstrada inexperiência no exame de rochas vulcânicas. A este facto me refiro na página 8 do Relatório

A hipótese de ocorrência de concentrações de sulfuretos maciços obteve considerável apoio com a descoberta, de minha autoria, do jazigo de sulfuretos de chumbo, zinco e cobre do Torgal, a que farei referencia no próximo post.

Para investigação desta hipótese ainda foi realizado um levantamento pelo método electromagnético Turam numa área abrangendo a Mina do Torgal, e a Mina dos Pendões, onde também ocorrem mineralizações cupríferas.

Todos estes trabalhos decorreram no âmbito da Brigada do Sul.

Mais tarde, após a reestruturação do SFM realizada em fins de 1963, novos estudos foram realizados. A eles me referirei, quando considerar oportuno.

Em resultado dos estudos da Brigada do Sul do SFM na Região de Cercal – Odemira, as Minas mais importantes entraram em exploração, abastecendo de um minério de ferro rico em manganés a Siderurgia Nacional, que entretanto foi instalada no Seixal.

O Relatório a que me tenho referido jamais foi publicado, assim se quebrando a regra em vigor de se publicarem na série de “Relatórios” os estudos de Minas ou Regiões que tivessem atingido fase avançada de investigação, como tinha sido, por exemplo, o caso das Minas de ferro de Montemor-o-Novo.

Mas o Colaborador do SfM, Professor J. M. Cotelo Neiva preencheu esta lacuna, fazendo publicar no Volume X de “Estudos, Notas e Trabalhos do Serviço de Fomento Mineiro” uma comunicação que apresentou à III Assembleia Geral do “Instituto del Hierro y del Acero” em 1955, intitulada
“Minerais ferro manganesiens du Portugal”, na qual além de expor as ideias que lhe transmiti, durante as duas únicas visitas que fez à Região, apresenta estudos de sua autoria sobre amostras de minérios secundários ocorrentes acima do nível hidrostático e do minério primário encontrado em sondagens.

Lamentavelmente "esqueceu-se" de referir a informação que lhe transmiti durante as duas únicas visitas que fez à Região!!

Não deixa de ser curioso ter até apresentado valores de reservas minerais, ainda que de modo muito incorrecto (não se misturam reservas certas com prováveis e possíveis!), quando eu ainda estava procedendo ao seu cálculo.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

15 – A importância do Plano Marshall na actividade do SFM

Quando em 1948, assumi a chefia da Brigada do SUL (BS) do SFM, decorriam trabalhos de pesquisa e reconhecimento em diversas minas integradas me áreas de estudo atribuídas às Secções de Montemor-o-Novo, Alvito, Moura, Cercal do Alentejo e Odemira.

Todos estes trabalhos enfrentavam grandes dificuldades na sua execução, não só por escassez de material apropriado, mas sobretudo pelo péssimo estado de conservação do que se encontrava em utilização, por ter sido adquirido, já com muito uso, a empresas alemãs que estiveram explorando volfrâmio no Centro e Norte do País, durante a 2.ª Guerra Mundial.

A Secção de Cercal do Alentejo, que era a mais importante, dispunha de três moto-compressores, distribuídos por três frentes de trabalho, que estavam na maior parte do tempo avariados, e o recurso era fazer os furos para colocação dos explosivos, à broca e à maça (!) e melhorar os caminhos de acesso às minas, para ocupar o pessoal, durante o período das reparações.

Perante a situação que encontrei, tomei a decisão de concentrar dois moto-compressores numa única frente de trabalho e mandar proceder a uma reparação eficaz do terceiro numa oficina de Lisboa. Reparado este, mandava reparar outro e assim ia consegui manter em contínuo progresso uma frente de trabalho.

A Secção de Alvito tinha em avanço uma galeria, com perfuração manual, com base em anomalia magnética registada durante campanha orientada pela ABEM de Estocolmo, usando um magnetómetro de Thalèn-Tiberg.
A Secção dispunha de um pequeno moto-compressor, mas estava avariado, com a cambota partida! Levou tempo a substituição desta cambota!

Nas Secções de Montemor-o-Novo, Moura e Odemira não havia material para perfuração mecânica, recorrendo-se à perfuração à broca e à maça!!

No início da década de 50 do passado século, o SFM foi beneficiado com o fornecimento de valiosos equipamentos oferecidos pelos Estados Unidos, ao abrigo do Plano Marshall.

Dentre as equipamentos recebidos constavam moto-compressores e grupos electrogéneos de que a BS estava tão necessitada.

Foram também recebidos: material de laboratório para ensaios de preparação mecânica de minérios, uma lavaria de carácter semi-industrial, um espectrógrafo de emissão, fornos eléctricos e diversos outros equipamentos. Só não constava um gravímetro!

A sede do SFM funcionava então em exíguas instalações num antigo palacete da Rua de Santos Pousada, onde funcionava também a Circunscrição Mineira do Norte que estava encarregada da atribuição de concessões mineiras e da fiscalização da respectiva actividade.

Haveria pois que conseguir instalações para albergar a lavaria, os fornos eléctricos e respectivo transformador para receber corrente em alta tensão e para ampliar os Laboratórios, de forma a poder dar resposta mais eficaz às solicitações sobretudo da BS. Em futuro post, me referirei a recomendações que recebi no sentido de limitar o número de amostras para análise química mesmo com prejuízo da qualidade dos estudos!!

Foi assim que se deu origem à transferência do SFM para as instalações de S. Mamede de Infesta, onde ainda hoje funcionam o Laboratório e outros departamentos do actual Instituto Nacional de Geologia e Energia.

Ao Arquitecto António Linhares de Oliveira, que iniciou a sua carreira profissional no SFM como desenhador e que, mercê da sua enorme força de vontade, conseguiu conciliar a actividade no SFM com os estudos na Faculdade de Belas Artes, se ficaram devendo estas belas instalações e outras que depois vieram a ser construídas em terrenos vizinhos que conseguiu lhe fossem anexados para alojar testemunhos de sondagens e para gabinetes de Técnicos que vieram dar a sua colaboração a estudos de geologia e outros. Aqui manifesto a este grande Amigo, a minha admiração e apreço pela sua luta também permanente em prol do SFM.

O espectrógrafo teve pouco uso, apesar de ser na época aparelho de elevado valor e grande utilidade, acabando no decurso dos anos por se tornar obsoleto, perante a maior eficácia de outras técnica mais rigorosas e de mais rápida execução que foram surgindo.
A lavaria semi-industrial mantém-se sem uso, tendo funcionado, que eu saiba, mais ou menos durante uma hora, apenas para demonstração aos congressistas do CHILAGE (Congresso Hispano-Luso-Americano de Geologia Económica), em 1970-71. Não se previra local para depósito dos estéreis!
Os fornos eléctricos nunca funcionaram!

Quanto ao material mineiro, foi de grande utilidade sobretudo no Sul do País, permitindo intensificar os trabalhos, em todas as Secções da BS e realizar outros que, sem ele, se tornariam muito mais difíceis ou impossíveis.

Em próximos posts descreverei os êxitos obtidos em todas as Secções da BS, durante o período de 1948 a 1964, em que dirigi os seus trabalhos, neles colaborando activamente.