Na década de 60 do século XX, o SFM tinha em curso um programa de prospecção no Alentejo, com o objectivo de localizar concentrações de minério de ferro, que pudessem assegurar a produção de ferro na Siderurgia Nacional instalada no Seixal.
As Minas de magnetite de Orada, em Pedrógão do Alentejo e as Minas de óxidos de ferro e manganés da região de Cercal – Odemira estiveram em exploração, durante alguns anos, constituindo o seu minério parte da carga do alto – forno do Seixal.
Nas Minas de Orada, o reconhecimento do jazigo teve uma importante contribuição do concessionário. O SFM foi chamado a dar a sua colaboração, permitindo uma melhor definição das suas reservas. Nas Minas de Cercal – Odemira, o papel do SFM foi fundamental para possibilitar a exploração.
Os trabalhos de prospecção, pesquisa e reconhecimento efectuados pelo SFM, nas antigas Minas de Montemor–o-Novo e de Alvito não conduziram à descoberta de concentrações suficientemente importantes quer em tonelagem, quer em qualidade, para se justificar a sua exploração. Tal não significa, porém, que essas concentrações não possam existir. Da aplicação de método magnético de prospecção não resultaram conclusões definitivas, porque a abundância de material solto originado das antigas explorações pode ter mascarado a assinatura de concentrações mais profundas. Foi, por isso, que propus, como informei no post N.º 22, uma campanha de prospecção aérea, tendo em vista diminuir o efeito desses materiais existentes à superfície.
A extensão da prospecção a áreas sem vestígios de antigas explorações, mas com condições geológicas favoráveis à ocorrência de minério magnetítico, foi coroada de pleno êxito, na área da Herdade de Vale de Pães, situada na região de Cuba – Vidigueira.
Quando, em 1958, a Brigada de Prospecção Geofísica (BPG) actuava nesta região (V. post N.º 13), chamei a atenção do seu Chefe para a área de Vale de Pães, onde, em passeio dominical ao campo acompanhado de meus filhos, eu tinha, casualmente, encontrado blocos de material ferruginoso disperso pela superfície.
Passando a actuar nesta área, a BPG logo começou a evidenciar pronunciada anomalia magnética que se desenvolvia por vasta superfície, permitindo formular hipótese de se estar em presença de jazigo de minério magnético com reservas susceptíveis de exploração remuneradora.
Em 1958, foram realizadas, sob projecto da BPG, 5 sondagens na zona onde o jazigo quase aflorava, tendo-se encontrado núcleos maciços de minério com teores de Fe geralmente superiores a 40%.
Quando, em 1964, assumi a chefia do 1.º Serviço do SFM, dispondo já de um gravímetro, promovi que fosse coberta pelo método gravimétrico a área de Vale de Pães, onde havia ocorrido a anomalia magnética que já começara a ser investigada pelas 5 sondagens efectuadas em 1958.
Obteve-se expressiva anomalia gravimétrica, em perfeita concordância com a anomalia magnética anteriormente registada.
Foram então efectuadas 21 novas sondagens, através das quais foi possível definir reservas prováveis de cerca de 8 milhões de toneladas com um teor médio de 42% de Fe.
Ensaios de concentração efectuados no Laboratório de Preparação Mecânica de Minérios de S. Mamede de Infesta levaram à conclusão de que, por via magnética, era fácil obter concentrados com um teor médio de 63% de Fe.
No que respeita a jazigos de ferro no Alentejo, este passou a ser o de maiores dimensões.
Apesar da sua excelente localização relativamente ao transporte do minério para a Siderurgia do Seixal, não entrou em exploração por ter sido encerrado este estabelecimento metalúrgico, que se devera à iniciativa de Champalimaud.
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