domingo, 22 de fevereiro de 2009

46 – A descoberta do jazigo de ferro da Alagada, na região de Elvas

Os levantamentos litológicos empreendidos, em 1966, pela Secção de Vila Viçosa da 1.ª Brigada de Prospecção, conduziram à descoberta de vestígios de antigas pesquisas mineiras na zona da Alagada da região de Elvas.

Para investigação da importância desta ocorrência, fez-se aplicação das técnicas magnética e gravimétrica.

Obtiveram-se pronunciadas anomalias por ambos os métodos, tendo sido possível, através da carta gravimétrica, fazer uma estimativa das reservas em cerca de 1 milhão de toneladas.

Foram realizadas 8 sondagens, pelas quais se obteve a confirmação destas reservas, ficando definido o seu teor médio em cerca de 40% de Fe.

Embora de pequena dimensão, este jazigo ainda mereceu a atenção da Empresa que, nessa data, explorava o jazigo de Orada, também situado na vizinhança do Rio Guadiana. Todavia, a vulnerabilidade da área relativamente a inundações, face à sua proximidade do rio, levou-a a não apresentar proposta de concessão.

Os dados colhidos nos trabalhos de campo respeitantes à prospecção realizada nesta zona foram por mim utilizados, em aulas práticas da disciplina de Prospecção Mineira, que regi, de 1970 a 1990, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Este era, de facto, um exemplo raro, pela clareza das anomalias encontradas, que permitia fazer interpretações quanto à atitude do jazigo, através dos elementos fornecidos pelo método magnético e quantificar a sua tonelagem através dos elementos do método gravimétrico.

Outros resultados da prospecção, tais como, Moinho, Feitais, Estação e Gavião em Aljustrel, Vale de Pães na região de Cuba – Vidigueira, Algares de Portel, e vários outros, poderiam ter sido tratados nessas aulas e importantes contribuições poderiam ter sido conseguidas para aperfeiçoar a sua interpretação, como era meu desejo.

Todavia, tendo sido eu o introdutor de todas as técnicas de prospecção em uso pelo SFM, foram-me negados esses dados, com manifesto prejuízo da preparação dos alunos e com prejuízo do próprio SFM, que não conseguindo explorar devidamente os dados que colhia, me impedia de ser eu a explorá-los mais completamente, ou sugerir que doutorandos os aproveitassem para as suas teses.

A esta obstrução à minha actividade docente, consequência do mau uso das liberdades introduzidas pela Revolução de Abril de 1974, me referirei oportunamente.

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