segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

209 C - Carta aberta a Ministro da Economia.

Assunto: Possível gigantesco jazigo mineral, na região de Montemor-o Novo

Após a Revolução de Abril de 1974, muitos foram os meus apelos, aos sucessivos Governos, com o objectivo de travar os atentados à economia do País, que estavam a ser cometidos pelo Organismo do Estado, ao qual competia zelar pelo bom aproveitamento dos nossos recursos minerais.

Quanto ao objectivo pretendido, os resultados foram nulos
Porém, em compensação, demonstrou-se, uma vez mais, que, neste País, “o crime compensa”.

De facto, fui alvo de processo disciplinar, promovido por indivíduo ignorante e malévolo, que conseguira ascender a cargo directivo.
Só não fui demitido da função pública, devido a amnistia decretada, em agradecimento ao Papa pela sua vinda a Portugal.
Já aposentado, não me resignei a assistir passivamente aos crimes que continuavam a ser cometidos, em plena impunidade.

Decidi, por isso, em 2008, iniciar o blog “Vivências Mineiras”, para relatar factos ocorridos, durante os 47 anos da minha actividade profissional, ao serviço da Nação.

Permito-me sugerir a V. Ex.ª que convide um dos seus assessores, ou um docente da Universidade do Minho, que tenha formação em temas geológico - mineiros, a ler o post n.º 201, publicado em 15 de Junho de 2012.

Ocorre-me, a este respeito, informar que, em 1991, já aposentado, regi, na Universidade do Minho, disciplina de Prospecção Mineira do Curso de Mestrado em Ensino de Biologia e Geologia. acedendo a convite, feito pelas Professoras Doutoras Graciete Tavares Dias e Maria Amália Sequeira.

O Curso constou, não só de aulas teóricas e práticas, no gabinete, mas também de aulas práticas no campo.
Todos os 14 licenciados, que nele se inscreveram, deram excelentes provas, sendo possível que alguns exerçam, actualmente, funções docentes na Universidade do Minho.

É, também, possível que outros meus ex-alunos na Faculdade de Ciências do Porto, exerçam agora funções docentes nessa Universidade.

A apreciação do que consta do post 201 ser-lhe-á, assim, muito facilitada.

O Secretario de Estado Nuno Ribeiro da Silva, emitira despacho no sentido de o seu gabinete dar prosseguimento adequado às questões que eu enunciara.
Todavia, deixou a função pública e nada mais aconteceu.

Surpreende-me que se mantenha sem explicação tão extraordinária anomalia gravimétrica.
O interesse nacional impõe que se dê seguimento ao assunto.

sábado, 20 de janeiro de 2018

240 – O incêndio nas Minas de carvão do Pejão


No dia 12 do corrente mês, grande foi a minha estupefacção ao ler, no Jornal de Notícias, que a antiga Mina de carvão do Pejão ardia, há 3 meses, tanto no seu interior , como nas entulheiras.

Esta Mina fora encerrada, nas anormais circunstâncias descritas na parte final do post N-º 52, sem que o concessionário tenha cumprido as disposições de segurança e protecção ambiental impostas pelas leis vigentes.

A fiscalização das actividades dos concessionários, que competia á Direcção-Geral de Minas foi ineficaz, neste, como noutros casos, conforme tenho revelado repetidamente.

Mas o Estado Português havia celebrado contrato com uma Empresa denominada EDM (Empresa de Desenvolvimento Mineiro), com vista à protecção ambiental das áreas degradadas de antigas minas, utilizando verbas de fundos europeus que, para esse efeito, lhe tinham sido disponibilizadas.

É caso para perguntar o que terá feito a EDM, na área das Minas do Pejão, para protecção do ambiente, com os dinheiros recebidos para esse fim.

Até como agência funerária ( Ver post N.º 216 ) demonstrou incompetência!

Erro idêntico, que cometera na zona das Minas de Covas (Região de Vila Nova de Cerveira – Caminha – Ponte de Lima), provocou tal indignação à população de Vilar de Mouros, que exigiu a responsabilização de quem dirigia a EDM.

É que a EDM, que resultara da nacionalização da Sociedade Mineira de Santiago, após a Revolução de Abril de 1974, não efectuava os trabalhos que lhe competiam!

Contratava outras empresas e não tinha capacidade para verificar se elas cumpriam o que se pretendia.

Fico, portanto deveras estupefacto por agora se chamar de novo a EDM a cumprir o que não fez, na devida oportunidade, em vez de se exigir a severa punição dos seus dirigentes, por mais este atentado ambiental.

Em posts anteriores, expliquei, pormenorizadamente, que se chegou a tal situação, por criminosa extinção do Serviço de Fomento Mineiro, - organismo de criação de riqueza, essencial ao País - ,que chegara a ter prestígio, a nível internacional, sendo citado como exemplo a seguir por outros países.

domingo, 29 de outubro de 2017

209 B - Pérolas a porcos


Em 7-11-2016, fui surpreendido com notícia sobre importação de lixo tóxico de Itália.

Tinham chegado, ao porto de Setúbal, mais de 2500 toneladas de um lote de 20 000, que o País iria receber, durante um ano.

Perante reacção de ambientalistas, por modo tão desprestigiante de gerar receitas, o Ministério do Ambiente informou que “se regera por princípios e normas estabelecidos por regulamento comunitário e que fora neste enquadramento, que o lote de resíduos em questão obtivera prévia autorização por parte da Agência Portuguesa do Ambiente”

O País não ficou, porém, esclarecido sobre tais “princípios e normas do regulamento comunitário”.

E o Ministério do Ambiente estaria, certamente, consciente de que a Comissão Internacional de Normalização impõe regras para amostragens e análises de minérios.

Lembro que esta Comissão até enviara, em Março de 1961 (Ver post N.º 51), a norma japonesa sobre métodos de amostragem de minérios de ferro e sobre métodos de determinação de calibres de minério e de humidade, aos países exportadores desse minério, para sobre ela emitirem opinião.

Dos países convidados, poucos se fizeram representar, reservando a sua presença para posteriores reuniões.

Portugal, nessa data, exportava minério de ferro do seu território ultramarino de Goa.

Aceitou, por isso, participar na reunião de Tóquio e eu fui designado para representar o País.

Todavia, após a análise da documentação que muito tardiamente recebi, concluí não poder desempenhar tal missão.

Parecera-me óbvio que a complexidade da missão impunha que tivesse sido nomeada Comissão, composta por especialistas em temas de estatística e de análises químicas, com tempo para poder estudar as normas sobre as quais Portugal devia pronunciar-se.

De facto, da documentação consultada, deduzi que as normas internacionais de amostragens e de análises de minérios, deveriam ser obrigatoriamente respeitadas, pois se baseariam em estudos científicos.

Duvido, porém, que essas normas tenham sido tidas na devida consideração e que se tenha determinado a composição do lixo que a Itália não queria no seu território.

E as minhas dúvidas estendem-se ao que se contém nos minérios exportados por concessionários mineiros, na sua maior parte estrangeiros, com total desprezo por leis e pela própria Constituição da República (Ver post N.º 232)

A gestão dos recursos minerais, em Portugal, esteve confiada, durante longos anos ao Engenheiro Soares Carneiro, que publicara, na Revista do SFM, um artigo, a que deu o título “A riqueza da indústria extractiva metropolitana”.

Com este artigo, de estilo panfletário, convenceu a “Brigada do Reumático” em que se transformara o Conselho Superior de Minas, de experiência mineira, que estava longe de possuir.

Pela circunstância de o Engenheiro Castro e Solla, ter abdicado do cargo de Director-Geral de Minas, ao reconhecer não ter acompanhado os recentes progressos das investigações, sobretudo no âmbito da prospecção mineira, Soares Carneiro foi escolhido para o substituir.

Na fase inicial do seu mandato, Soares Carneiro apresentou, ao Ministro da tutela Amaro da Costa, os sucessos no Sul do País, sobretudo graças à minha actuação, para demonstrar a qualidade do Organismo que dirigia, como se tivesse tido alguma intervenção, em tais sucessos.

Posteriormente, porém, alterou a sua atitude, passando a dificultar o cumprimento dos objectivos para que tinha sido instituído o Serviço de Fomento Mineiro.

Aproveitando-se da ignorância, em matérias da indústria mineira, da maioria dos Ministros dos sucessivos Governos, exerceu o cargo, regendo-se essencialmente pelos seus interesses pessoais, como “rei absoluto”, lembrando Luís XIV da França, a quem era atribuída a expressão “L´état c’ést moi”.

Comportou-se, como agora se usa dizer, como se fosse o “dono disto tudo”, no que aos recursos minerais dizia respeito.

Sem capacidade para gerir o aproveitamento destes recursos, entregou a exploração a empresas, sobretudo estrangeiras, sem conhecer a composição real dos minérios, pois não mandou proceder a quaisquer estudos sobre eles.

No caso de Neves-Corvo, por exemplo, soube-se por inconfidência de alguém, ocorrer, no minério, o elemento índio, que é fundamental nas novas tecnologias.

O exemplo de Soares Carneiro, foi seguido por outros técnicos da Direcção-Geral de Minas. ocasionando a extinção do Serviço de Fomento Mineiro, que era “uma galinha dos ovos de ouro”.

Conclusão: Entregamos “pérolas” e importamos lixo!

Os governantes que nós nomeámos induziram, assim, a que sejamos classificados como os porcos da célebre fábula

segunda-feira, 31 de julho de 2017

209 A - A formação profissional.


Realçando, uma vez mais, a fundamental importância da formação profissional, no aproveitamento dos recursos do País, a seguir apresento a minha colaboração à Ordem dos Engenheiros, aproveitando oportunidade que me ofereceu solicitação deste Organismo.

Colaboração pedida, pelo Presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Engenheiros


1: Inquérito intitulado:"O meu contributo para a renovação da Ordem"
12 de julho de 2016

Caro Colega ALBERTINO ADELIO ROCHA GOMES,

Iniciámos, recentemente, o nosso mandato de três anos na Secção da Região Norte da Ordem.

Tivemos uma das mais expressivas votações de sempre mas, mesmo assim, de cerca de 12 200, só 2156 (17,7%) votámos. Assim, o nosso primeiro objetivo não pode deixar de ser aumentar muito, muito, a participação dos membros na vida e atividades da Ordem:

- O que é que a Ordem pode fazer mais pela profissão e por mim?

O que é que eu posso fazer pela Ordem individualmente, no meu Colégio e na minha Delegação Distrital?

Uma coisa é certa: juntos, poderemos fazer incomparavelmente mais.

Há uma norma básica de gestão da mudança que diz: primeiro quem, depois o quê.

Neste sentido, estamos a contactá-lo no sentido de pedir expressamente a sua colaboração, desde o início, na definição do projeto de renovação que nos propomos desenvolver em prol da valorização profissional dos membros (prestígio, empregabilidade, empreendedorismo) e da maior projeção e visibilidade dos Engenheiros na sociedade.

Poderá, por exemplo:

Sugerir aspetos concretos a melhorar no funcionamento da Ordem;

Propor temas para os grupos de trabalho (com seis meses de duração) que vão arrancar este ano (e, melhor ainda, propor-se participar em pelo menos um deles);Propor temas para as novas ações de formação;

Sugerir atividades para o Clube do Engenheiro;

Participar nas sessões de informação e debate (de início mensais, podendo tender para semanais) sobre temas profissionais e culturais que vamos realizar nas sedes regionais e distritais, a partir de setembro (quinta feira, entre as 18 e as 20 horas), com meia hora de conversa a seguir e, para os que quiserem ficar um pouco mais, um jantar convívio surpreendente, também no preço.

Assim, agradecemos a resposta, em dois minutos, a um pequeno inquérito

Muito obrigado pela participação.

Poderá, também, contactar-me directamente através do e-mail

Com muita estima

Joaquim Poças MartinsPresidente do Conselho Diretivo



2- A minha resposta-27 de Julho de 2016

Senhor Presidente do Conselho Directivo da Ordem dos Engenheiros

Ex.mo Colega:

Aposentado há 26 anos, não tenho acompanhado os recentes progressos na Indústria Mineira, para poder emitir um parecer suficientemente fundamentado sobre o papel que deve ter a Ordem, no sentido de melhorar a formação dos Engenheiros de Minas, para desempenharem, de modo eficaz, a sua missão

Quando, em 1944, iniciei o exercício da profissão, fiquei surpreendido com o facto de quase todos os nossos melhores jazigos minerais estarem a ser explorados por Empresas estrangeiras, sendo Engenheiros de Minas portugueses empregados dessas Empresas, alguns com a categoria de Directores-Técnicos, para simulação do cumprimento da lei vigente.

Embora isso me surpreendesse, eu estava longe de pensar que não era legal atribuir a estrangeiros concessões mineiras, pois em Livro publicado pela Direcção-Geral de Minas (DGM), compilando a legislação promulgada, não constava lei que proibisse tal atribuição.

Mas, em 1972, fiquei, casualmente, a saber que, afinal, era proibida a exploração dos nossos jazigos minerais por entidades estrangeiras.

Em Acórdão da Procuradoria Geral da República, que vi publicado no Diário do Governo de 22-2- 1972, foi chamada a atenção da DGM para a lei N.º 1994 de 13 4-1943 e para o Decreto-lei N.º 46 312 de 28-4-1905, segundo os quais “é vedado outorgar a empresas estrangeiras, concessões para a exploração de jazigos ou depósitos de jazigos minerais”, por se tratar de “bens dominiais”.

Isto é ainda reforçado pelo Decreto-lei Nº 46 312 de 28 de Abril de 1965, do qual consta o seguinte:

“Na verdade, a exploração e gestão de bens dominiais estão de tal modo ligadas ao interesse público e à economia nacional, que nem se compreende quanto teria de melindroso permitir o livre acesso de estrangeiros a esse sector, razão por que logo a própria Constituição da República estatui, através do seu artigo 59.º:

“São considerados de interesse colectivo e sujeitos a regime especial, no tocante aos seus direitos e deveres, nacionalidade, corpos gerentes, pessoal e intervenção ou fiscalização do Estado, conforme as necessidades de defesa nacional, da segurança pública e do desenvolvimento económico e social, as empresas concessionárias de serviços públicos, de obras públicas ou de exploração de coisas do domínio público do Estado, as sociedades de economia mista e de economia pública, as empresas de exclusivo ou de privilégio não concedido em lei geral e ainda todas as empresas que exerçam qualquer actividade considerada, por lei, de interesse nacional.”

Foi, pois, a DGM - Organismo oficial que tinha o dever de zelar pelo bom aproveitamento do nossos recursos minerais - que desrespeitou e continuou a desrespeitar disposições legais.

O motivo, pelo qual isto acontecia, não era difícil de descobrir.

Os cursos de Minas, tanto da Faculdade de Engenharia do Porto, como do Instituto Superior Técnico de Lisboa não estavam estruturados de modo a formar os técnicos de que o Pais mais precisava.

Os Engenheiros que ingressavam na Função Pública, sem experiência no terreno, pouco ou nada contribuÍam para cumprimento dos requisitos fundamentais na exploração mineira: segurança nos trabalhos; economia e bom aproveitamento dos jazigos minerais.

A atribuição de concessões mineiras era extremamente facilitada e a fiscalização da actividade dos concessionários era deficiente ou mesmo inexistente, em muitos casos.

Mas, em 1939, quando já se prenunciava o início da 2.ª Guerra Mundial, acontecia um fenómeno que ficou designado por “Febre do volfrâmio”.

O tungsténio, metal essencial ao fabrico de armas de guerra, atingiu valores elevadíssimos e isso provocou uma intensa procura, sobretudo por empresas alemãs e inglesas e uma subsequente exploração desenfreada, a delapidar essa riqueza nacional.

Houve, então, alguém no Governo (segundo me constou, teria sido o Ministro Costa Leite (Lumbrales) ou o Ministro Ferreira Dias), que teve a feliz ideia de procurar disciplinar toda a actividade mineira no País, atribuindo ao Estado um papel fundamental no inventário e no racional aproveitamento dos recursos minerais do País.

Para concretizar este objectivo, criou, pelo Decreto-lei N.º 29725 de 28-6-1939, um Organismo denominado “Serviço de Fomento Mineiro” (SFM), integrado na DGM.

O Governo de então demonstrou grande empenho em dotar este Organismo dos meios para desempenhar eficazmente a sua missão.

O primeiro técnico designado para dirigir o SFM, o Engenheiro António Bernardo Ferreira, soube adoptar os procedimentos correctos para atingir o objectivo pretendido.

Criou núcleos de investigação, de Norte a Sul do País, nas principais zonas mineiras e nelas colocou Engenheiros e Agentes Técnicos de Engenharia, alguns oriundos dos Serviços centrais de Lisboa e Porto, outros de recente formatura, para dirigirem os trabalhos de pesquisa e reconhecimento dos jazigos minerais.

Consciente de que todos estes técnicos eram inexperientes, deu as facilidades possíveis nesse tempo, em que a Guerra que se anunciava, teve o seu início apenas três meses após a promulgação do Decreto de criação do SFM.

Conseguiu mesmo contratar Empresa sueca para aplicar, no País, métodos geofísicos altamente promissores para a descoberta de concentrações minerais ocultas.

Eu tive a felicidade de iniciar a minha vida profissional, auxiliando, com pessoal português, a Empresa sueca a usar as suas técnicas, acabando por me tornar especializado nelas.

Por este e por outros motivos, fui nomeado para exercer importante cargo dirigente, com área de intervenção abrangendo a região do País a Sul do Rio Tejo.

O Eng.º Bernardo Ferreira queria fazer do SFM uma Escola onde os técnicos saídos das Universidades e doutros estabelecimentos de ensino, completassem a sua formação.

Estava prevista até a especialização em países estrangeiros, para que realmente fossem os portugueses a aproveitar os seus próprios recursos.

Mas, infelizmente o Eng.º Bernardo Ferreira faleceu em 1948

Isto foi trágico para o País.

Todos os dirigentes que se lhe seguiram estiveram muito mais preocupados com os seus interesses pessoais que com os interesses do País.

Não tinham ascendido aos seus cargos por competência, mas por compadrio, influência política e religiosa.

Em muitos casos, por mesquinhês de caracter, praticaram actos ostensivamente contrários aos objectivos do SFM, classificáveis como criminosos. A natural consequência foi a extinção do Serviço de Fomento Mineiro!!!

Apesar da sistemática oposição ao progresso das actividades a meu cargo, posso orgulhar-me de terem sido de minha iniciativa os maiores êxitos de todos os tempos, na descoberta e no reconhecimento de jazigos minerais.

É disso representativa a descoberta do gigantesco jazigo de Neves-Corvo, que é actualmente o maior jazigo da Europa, de minério de cobre, zinco, chumbo e outros metais.

Toda a minha actividade, nos 47 anos de exercício da profissão de Engenheiro de Minas, foi orientada no sentido de acabar com aquela vergonha de serem estrangeiros a delapidarem o nosso património mineiro e de serem depois portugueses, colocados em altos cargos governativos, a declararem que somos pobres em recursos naturais e a mendigarem depois o que os estrangeiros souberam aproveitar da nossa imensa riqueza-

A recompensa que tive, quase no final da minha vida profissional foi um processo disciplinar, que resultou em absolvição, apenas por amnistia originada pela vinda de um Papa a Portugal.

Isto tenho vindo a relatar, desde 2008, no meu blog “Vivências Mineiras”, que é uma espécie de “História Tragico-Mineira”-

Tenho plena consciência de que a situação é difícil, mas lembro-me das “Màximas de Rosenkranz”, uma das quais eu cito no post Nº158 e acredito que Ordem poderá ter um papel decisivo para acabar com a vergonha que referi.

Com os meus quase 96 anos, é esta a minha possível contribuição.


3- O agradecimento do Presidente
28 de julho de 2016

Caro Colega Albertino Gomes,

Muito obrigado pelo texto importante que quis compartilhar connosco.
Assunto que eu pessoalmente desconhecia.
Vou passar esta informação ao Colega Joaquim Gois, do Colégio de Minas.
Espero contar com mais colaboração sua.
Os seus 96 anos serão os 60 de muitos.

Até breve,

Com muita estima,

Joaquim Poças Martins

domingo, 30 de julho de 2017

56 A – 16.ª parte XLIVI - Entrevistas da jornalista Carla Amaro a habitantes da Serra de Arga


O Jornal de Notícias publicou, em 15-9-2012, longa reportagem da jornalista Carla Amaro, a vários habitantes da Serra de Arga (S. João de Arga, Arga de Cima, Arga de Baixo), à qual deu o título O Senhor é filho de S. João?

Para suavizar a leitura destas Divagações, compensando a aridez de anteriores partes, a seguir transcrevo duas curiosíssimas passagens da reportagem:

1 –“Quem não a conhece ou ouviu falar dela, a pretexto da romaria que todos os anos leva ao Alto Minho milhares de pessoas em peregrinação ou em visita.

Mas a Serra d’Arga não atrai só pela sua grande festa de finais de Agosto.

Há quem acredite e, muito a sério, num misterioso poder dos seus minérios. A extracção, no passado, salvou da miséria os que da serra não saíram.

Há quem acredite que o magnetismo pode ser a solução para tratar muitos casos de infertilidade”.

2 – “José Matias falaria de quase tudo o que a serra tem, menos do eventual poder do seu magnetismo, que alguns acreditam exercer influência sobre o aparelho reprodutor humano.

Embora tenha ouvido falar disso, há muito tempo, diz que não é mestre nesses assuntos, que às senhoras dizem respeito e só a elas devem interessar.

Opinião diferente tem Ângelo Soares, um apaixonado pela serra d’Arga e um crente fervoroso de que o magnetismo dos minérios presentes na serra tem efeitos no corpo humano, inclusive o melhoramento da fertilidade nos homens.

Acredita porque as histórias que ouviu da boca dos que lá vivem o levam a acreditar.

E porque tudo o que existe sobre os poderes do magnetismo, nomeadamente no tratamento de certas enfermidades e na eliminação da dor, reforça a sua convicção teimosa.

O seu interesse pela força dos minérios existentes em Arga é velho e alimentou-lhe as horas sem conta dedicadas a investigações pessoais.

Adquiriu livros, fotocopiou documentos antigos, navegou na internet, consultou relatórios de prospecções na região, falou com entendidos em magnetismo e tanto trabalho resultou na certeza de que este lugar tem qualquer coisa que ajuda os casais que não conseguem ter filhos.

Da pesquisa destaca um relatório dos Serviços de Fomento Mineiro sobre os trabalhos de prospecção efectuados na serra, em 1970-71, onde se reconhece a existência de reservas de algumas dezenas de milhões de toneladas de minério de tungsténio, descobertas em sondagens projectadas com base em anomalias magnéticas em diferentes locais da serra, como Minas de Valdarcas, Lapa Grande, Fraga e Fervença.

O mesmo documento dá conta de concentrações de minerais úteis (volframite, ferberite e scheelite), que têm a particularidade de ocorrer, frequentemente, no seio de concentrações mais ou menos maciças de pirrotite.
Sobre o magnetismo, lê-se no relatório dos técnicos Rocha Gomes e Alvoeiro de Almeida, que a pirrotite tem susceptibilidade magnética relativamente elevada.”

terça-feira, 25 de julho de 2017

Índice de 56 A – Divagações suscitadas por uma amostra de minério de tungsténio.


56 A - 1.ª parte

I – As explorações de volfrâmio, durante a 2.ª Guerra Mundial

II – Nova descoberta de volframite, em 1954

III – A “jorra”, resultante da alteração de pirrotite

IV – As boas relações entre Morais Cerveira e Soares Carneiro

V – A aplicação do método magnético, para detecção de pirrotite oculta

VI – A minha intervenção em nova campanha de prospecção magnética

VII – A execução de sondagens, com base em resultados da prospecção magnética

VIII – A detecção de scheelite, usando um mineralight

IX – O início de uma campanha de prospecção, extensiva a vasta área da Região

X – O levantamento geológico da Região

XI – A tese do Geólogo alemão Bayer sobre o jazigo de Covas

XII – Os estudos dos Geólogos checos Yanecka e Strnad

XIII – O estágio de Vítor Manuel Correia Pereira, sob a orientação dos Geólogos checos

XIV – A minha boa colaboração com os Geólogos checos

XV – As aulas de campo a estudantes universitários, na região onde ocorrem as Minas de Covas




56 A - 2.º parte

XVI - A publicação do CHILAGE sobre prospecção de tungsténio, na Região de Caminha

XVII – O livro Guia da Excursão N.7 do CHILAGE

XVIII – O interesse do BRGM em efectuar prospecção mineira, em Portugal

XIX – Nova procura intensa de volfrâmio, originada pelas Guerras da Coreia e do Vietnam

XX - A intervenção da Empresa americana “Union Carbide”, suscitada pela minha publicação no CHILAGE

XXI – A transferência da actividade do SFM da Região de Vila Nova de Cerveira, para fora da zona mineira de Covas

XXII – O Interesse da Companhia COMINCO, pela zona do Serro



56 A – 3.ª Parte

XXIII – O “dogma” instituído por Soares Carneiro, de não se justificar a prospecção de minérios de tungsténio

XXIV - O Grupo de Trabalho do Tungsténio Os scheeliteiros

XXV – A constituição do “Grupo dos Scheeliteiros”

XXVI – O programa do “Grupo dos Scheeliteiros

XXVII – As intenções dos “Scheeliteiros”, relativamente à Região de Vila Nova de Cerveira – Caminha - Ponte de Lima

XXVIII – O fiasco da actuação dos Scheeliteiros”




56 A – 4.ª Parte

XXIX - O meu parecer sobre a actividade de Union Carbide (UC),

XXX - A documentação técnica entregue por Union Carbide, quando rescindiu os seus contratos de prospecção mineira

XXXI - Os testemunhos das sondagens de Union Carbide.

XXXII – Consequências nas investigações mineiras, em curso, na Região de Vila Nova de Cerveira – Caminha – Ponte de Lima, por mudanças ocorridas nas principais chefias da DGGM


56 A – 5.ª Parte


XXXIII - Ministros insultam técnicos superiores da DGGM, para readmitirem, na função pública, em cargo dirigente, Geólogo fraudulento, ignorante nas matérias em que se afirmava perito


56 A – 6.ª Parte

XXXIV – A prospecção de tungsténio na Região de Vila Nova de Cerveira – Caminha – Ponte de Lima e a importância, que simulava atribuir–lhe, um Geólogo, que havia sido nomeado Director–Geral de Minas, em muito estranhas circunstâncias.

XXXV –
A meteórica promoção de Alcides Rodrigues Pereira a elevado cargo dirigente na DGGM


56 A – 7.ª Parte

XXXVI – A minha decisão de elaborar o Relatório “circunstanciado

XXXVII – A intervenção do Ministro Veiga Simão


56 A – 8.ª Parte

XXXVIII – A elaboração do Relatório “circunstanciado”


56 A – 9.ª Parte

XXXIX – O processo disciplinar que me foi instaurado

XL - A prospecção mineira, na Região de Caminha, após eu ter sido proibido de realizar trabalho de campo


56 A – 10.ª Parte

XLI – A intimação para eu entregar o Relatório circunstanciado, na fase de elaboração em que se encontrasse


56 A – 11.ª Parte


XLII – A real necessidade do Relatório circunstanciado da minha actividade, na Região de Vila Nova de Cerveira - Caminha - Ponte de Lima, para a reprogramação da DGGM


56 A – 12.ª Parte

XLIII – A importância da Região de Vila Nova de Cerveira - Caminha - Ponte de Lima, na formação de especialistas nas técnicas de prospecção mineira


56 A – 12.ª Parte. Continuação



56 A – 13.ª Parte

XLIV – A minha proposta de instituição de um Centro de Investigação em Prospecção Mineira, no Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências do Porto, vocacionado para prestar serviços à comunidade, começando pela imediata retoma dos estudos na Região de Vila Nova de Cerveira - Caminha - Ponte de Lima


56 A – 13.ª Parte. Continuação 1


56 A – 13.ª Parte. Continuação 2


56 A – 13.ª Parte. Continuação 3


56 A – 13.ª Parte. Continuação 4



56 A – 14.ª parte

XLV– A real (imprevista) utilidade do Relatório circunstanciado da minha actividade, na Região de Vila Nova de Cerveira - Caminha - Ponte de Lima, cuja apresentação me foi imposta, perante a sua alegada urgente necessidade, não obstante o texto estar inacabado e sem a revisão final.


56 A -15.ª parte


XLVI – A especial participação da Dr.ª Raquel Alves, da Universidade de Braga


56 A – 15.ª parte. Continuação 1


56 A – 15.ª parte. Continuação 2
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segunda-feira, 24 de julho de 2017

56 A – 15ª parte - Continuação 2


Das conversas com Dr.ª Raquel Alves, realço ainda os temas seguintes:

7 - As fiscalizações da Direcção-Geral de Minas.

Dr. Raquel constatara que os serviços oficiais, além de atribuírem concessões mineiras, sem respeito pelas leis em vigor, eram ineficazes na fiscalização da actividade dos concessionários.

Concordando, citei até concessões, na sua zona de estudo, outorgadas em ambiente geológico desfavorável à ocorrência de minério.

Informei, também, saber de casos, no Alentejo, em que concessionários conseguiam ocultar, aos fiscalizadores, trabalhos subterrâneos, que não obedeciam às boas regras da arte de minas.


8 – Crimes e desleixos de técnicos superiores

Entre muitos outros, foram mencionados:

A destruição de mais de 100 000 amostras de sedimentos de linhas de água, resultantes de anos de árduo trabalho de operários, que aguardavam análises mais completas, por novos métodos, muito mais rápidos, para cuja aplicação o Laboratório de Química estava a equipar-se.

Tal destruição tinha sido ordenada pelo Geólogo João Manuel Santos Oliveira, quando foi nomeado Director dos Laboratórios do SFM, sem currículo que tal justificasse (!).

Nas suas visitas a locais de trabalho do SFM, Dr.ª Raquel notou incríveis demonstrações de desleixo, tais como:

- testemunhos de sondagens abandonados nas ruínas das instalações da Mina de tungsténio da Lapa Grande;

- 5 viaturas avariadas em Alfragide;

- uma sonda enferrujada, que fora adquirida na Polónia, não havendo pessoal habilitado a utilizá-la.


9 – O estudo, da Mina de Aparis, em Barrancos,
Mostrou admiração, quando a informei de ter, em preparação, um piso, a 210 m de profundidade, na Mina de Aparis, onde tínhamos perfurado quilómetros de galerias e muitos metros de poços e onde chegamos a produzir e a vender concentrados de cobre.

Salientei o elogio do prestigiado Geólogo alemão Gunter Strauss, que se ocupava em tese de doutoramento sobre o jazigo de pirite complexa do Louzal, quando lhe proporcionei visita à Mina.

Afirmou, em carta que me dirigiu a agradecer a visita, ser invulgar um reconhecimento tão amplo de jazigo, antes de passar à exploração.

Eu pretendia usar esta Mina, como Escola, para melhorar a formação dos técnicos superiores e médios, que eram destacados para as Brigadas sob minha chefia, muito deficientemente preparados.

Seria também Escola para formar mineiros, marteleiros, entivadores, etc.

Perdeu-se a oportunidade, com a precipitada concessão a Empresa, constituída com intervenção do Director-Geral Soares Carneiro.

10 - As condições de entrega de Neves – Corvo

Ainda se falou no Geólogo Leca, a propósito de referências elogiosas que fiz a respeito do BRGM francês, sobretudo pela qualidade das suas publicações.

Mostrei surpresa pela condecoração de Leca, que deveria ter sido punido, pela responsabilidade que teve, no atraso de 5 anos na descoberta do jazigo de Neves – Corvo.

Sabia que foi, de facto, castigado.

Mostrou conhecer o meu comentário ao artigo de Leca na Revista inglesa “Transactions of Mining and Metalurgy”, publicado na mesma Revista.


11 - Director-Geral Alcides Rodrigues Pereira


11.1 - Relatório circunstanciado, que me exigiu, sabendo-o incompleto e sem revisão final.

Fiz a entrega ao Eng.º Fernando Daniel, então dirigente do SFM.

Em cópia do ofício que lhe dirigi, registou a recepção, dando a entender, no que escreveu, intenção de me afastar da Secção de Caminha!

Dr.ª Raquel já tinha conseguido acesso aos 246 desenhos deste Relatório. Tinha até feito a sua digitalização.

Não lhe tinham fornecido o texto, declarando não o ter encontrado; mas depois, por aposentação de funcionários encarregados da Documentação, os substitutos acharam-no!

Concordou comigo, quando disse que este “relatório circunstanciado” continha matéria para várias teses de doutoramento.

Esteve desaparecido durante 10 anos (!!!), e fora exigido, com o argumento de ser urgente reformular os estudos na região de Caminha!!

Gostaria de saber o que fizeram, com ele, João Coelho e João Farinha.

O Eng.º Barros fez referência à sondagem 29, em ocasional conversa comigo, assim demonstrando ter também tido acesso ao relatório.


11.2- A proibição de realizar trabalho de campo

Mostrou surpresa com a “proibição de realizar trabalho de campo” e com os factos subsequentes até ao processo disciplinar, de que não resultou a minha demissão, apenas por amnistia decretada, em homenagem a um Papa, que tinha vindo a Portugal.

11.3 Alcides a classificar-me

Admirou-se quando lhe disse que o grosseiro Alcides Pereira se atreveu a classificar-me e até cometeu a suprema indelicadeza de desmentir afirmação que fiz sobre o uso de viatura oficial.

Atribuiu-me má classificação, quanto a relações humanas.

Recordei que o primeiro Director do SFM, o saudoso Engenheiro António Bernardo Ferreira, havia salientado, quando me promoveu a categoria superior, que eu era excelente condutor de homens.


12 – Doutoramento de Dr.ª Raquel Alves


Em 4 de Julho, a Dr.ª Raquel Alves, prestou provas públicas de doutoramento.

A tese, sobre tema denominado "Contribuição para um sistema de gestão integrada de sítios mineiros", foi brilhantemente defendida, perante júri presidido por Mário Machado Leite, Professor Catedrático da Universidade do Porto e Vice-Presidente do LNEG.

Em 4-9-2014, teve a extrema simpatia de se deslocar propositadamente à minha residência, para me oferecer um CD com a tese.

Mas eu não precisava de mais esta demonstração das suas qualidades de investigadora, que o País devia aproveitar.

Notei, porém, algum desalento, perante dificuldades com que estava a deparar, no início da sua carreira profissional.


13 - A minha próxima aposentação

Sobre a minha próxima aposentação, revelei preocupação com o destino de vasta documentação em meu poder.

Possuo cópias de todos os meus relatórios. Estarão disponíveis, caso se confirme, como consta, terem sido destruídos os exemplares que enviei, em triplicado.