A intimação do Director–Geral de Minas, para entregar, urgentemente, dados do Relatório dos estudos por mim empreendidos, na Região de Vila Nova de Cerveira - Caminha – Ponte de Lima, que eu ainda estava a elaborar, embora em fase terminal, como o Director do SFM observava nas visitas ao meu gabinete quando se deslocava da sede em Lisboa, às instalações de S. Mamede de Infesta, induzia-me a concluir que tais dados seriam fundamentais à nova programação da DGGM.
Em posts anteriores, referi que Alcides
Rodrigues Pereira, nem precisou de esperar por eles para me afastar da Região e
me substituir por personagens que, no seu entendimento, melhor programariam os
estudos, na área.
Referi também que, afinal, a nova programação
consistiu numa sucessão de erros grosseiros, que conduziram à extinção da
Secção de Caminha da 2.ª Brigada de Prospecção do SFM.
Persistem, consequentemente, expectativas
muito optimistas, quanto à possível ocorrência de concentrações de minerais úteis,
com realce para os tungstíferos, fundamentadas nos resultados dos trabalhos que
projectei e em cuja execução participei activamente.
Quanto ao uso dos dados, em nova programação
da DGGM, também concluí ter sido nulo.
Efectivamente, nenhuma referência lhes
foi feita, nas reuniões de Investigadores em que participei na qualidade de Investigador
Principal a que fui promovido, mediante concurso, quando na DGGM foi instituída
a Carreira de Investigação.
Registo ter sido classificado em 3.º
lugar na Carreira de Investigação, por júri constituído por catedráticos das
Universidades de Lisboa, Porto e Coimbra, que não resistiram a pressões
políticas e de outra ordem, pois me competia incontestavelmente o primeiro lugar.
O Professor Décio Tadeu, do IST, por
quem eu tinha elevada consideração, quando tive oportunidade de lhe expor as
minhas sérias dúvidas sobre as qualificações de Delfim de Carvalho para ser
aceite na Carreira de Investigação, ficou francamente perturbado e,
afastando-se de mim, proferiu, com grande desânimo a seguinte frase: “Cometem-se muitas injustiças!”
E o facto é que, Delfim de Carvalho,
até foi nomeado Investigador Coordenador, categoria máxima na Carreira de
Investigação!!
Nenhum concorrente podia, na verdade, exibir
currículo que sequer se aproximasse do meu, porquanto, entre os numerosos sucessos
das minhas actividades geológico-mineiras, onde se incluem docências várias, se
conta a minha fundamental contribuição para a descoberta do jazigo de
Neves-Corvo, que já se tornou célebre, a nível mundial, não só pelas suas
gigantescas dimensões e riqueza em minerais úteis, mas também pelo procedimento
usado para a sua descoberta.
Nem Alcides, nem Daniel, nem o “sábio” Reynaud,
ousaram concorrer à Carreira de Investigação, conscientes dos seus magríssimos
currículos.
Mas Alcides, que por inerência do seu cargo
de Director-Geral, presidia às reuniões da Carreira de Investigação, não podia
deixar de me convocar, para essas reuniões.
Nessa sua qualidade, usou do
autoritarismo, que o caracterizava, para me impedir de desempenhar as funções que
me competiam na nova categoria, transferindo-as despudoradamente para
Investigadores Auxiliares, muito menos categorizados.
Apesar disso, mantive a minha persistente
atitude de tentar revitalizar a DGGM, nas raras oportunidades que me foram
proporcionadas, infelizmente sem qualquer êxito.
A estas reuniões me referirei, mais
pormenorizadamente em futuros posts.
Ainda consegui, com intervenção da
Ordem dos Engenheiros, a cujo Bastonário recorri, no uso de prerrogativas
previstas no respectivo Estatuto, que o Ministro Mira Amaral, me concedesse audiência,
na qual expus a gravidade da situação na DGGM e propus adequadas medidas
correctivas, deixando documento confirmativo do que oralmente expusera.
O Ministro ouviu-me, com grande
delicadeza, prometendo analisar o documento.
Mas a triste realidade foi que o “chico
esperto” Alcides, embora se tivesse revelado incapaz de usar os dados que
entreguei, devido à sua total ignorância em prospecção mineira, teve a suprema
habilidade de aproveitar, em seu benefício pessoal, mas com elevadíssimo
prejuízo para o País, os resultados dos trabalhos por mim projectados e
realizados, cuja continuidade impossibilitou.
Foi no seu mandato como Director-Geral
de Minas, que se prolongou de 1980 a 1993, que o Governo tomou consciência da
grandiosidade do jazigo de Neves-Corvo, cuja descoberta Alcides atribuía ao
Consórcio, ao qual tinham sido concedidos, no mandato de Soares Carneiro, direitos
de prospecção mineira, em área que se encontrava em avançado grau de investigação
pelo SFM, por contrato directo, entre cujas cláusulas se previa remuneração
proporcional à importância dos êxitos que viessem a obter-se.
Em 1988 teve início a exploração do
jazigo de Neves-Corvo, daí resultando a entrada nos cofres do Estado de
avultadas quantias, que foram postas à disposição da DGGM.
Alcides esbanjou esses dinheiros, em grandiosas
instalações, em Alfragide, totalmente desnecessárias, porquanto as existentes
em S. Mamede de Infesta eram até excedentárias para o apoio exigido pelos
estudos previstos para cumprimento dos objectivos do SFM.
É curioso que Alcides, quando representou
o Ministro, em audiência que solicitei, para denunciar, as graves
irregularidades que estavam a ser praticadas por Soares Carneiro e Múrias de
Queiroz, no desempenho dos seus altos cargos na DGGM, não se tinha ainda
apercebido da importância da descoberta do jazigo de Neves-Corvo, cuja
paternidade eu reivindicava.
Também aqueles dirigentes da DGGM, que
estiveram presentes durante a audiência, por minha recomendação, demonstraram
estar longe de compreender o significado da descoberta.
Mais curioso ainda é que Alcides, já detentor
do cargo de Director–Geral de Minas, quando lhe lembrei esta reunião, declarou dela não se lembrar, não obstante
ela ter constituído o ponto de
partida que inconscientemente lhe proporcionei para a sua meteórica
ascensão na função pública (Ver post N.º 56 A – 6.ª parte).
Mas os membros do Governo,
impressionados com tão retumbante êxito, que Alcides atribuía a indirecta
intervenção da DGGM, até induziram o Governo a premiá-lo com louvores em Diário
da República, por sucessos, para os quais nada contribuiu.
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