O SFM iniciou estudos na Faixa Carbonífera do Douro, logo após a sua criação em 1939, dando continuidade a anteriores trabalhos do Instituto Português dos Combustíveis
Quando, em Agosto de 1943, ingressei no SFM, ainda como estagiário, encontrava-se em cumprimento uma campanha de sondagens, nas zonas de Gens, Midões e Covelo.
Durante o meu estágio nestas zonas, colaborei nos estudos em curso, sobretudo em trabalhos de topografia, adquirindo alguma preparação na técnica das sondagens que estavam a cargo da empresa belga Foraky.
As sondagens prosseguiam, quando, em Maio de 1944, já com a categoria de Engenheiro, fui nomeado para chefiar a Brigada de Prospecção Eléctrica, que iria efectuar a investigação pelo método electromagnético Turam, da Faixa Piritosa Alentejana.
Vinte anos depois, ficou a meu cargo o Serviço de Prospecção do SFM, extensivo a todo o território continental.
Ainda com poucos dias de presença na sede do SFM, em S. Mamede de Infesta, o Director, a propósito de ordem emanada da Secretaria de Estado da Indústria, para apresentar um “Plano para os Carvões” desabafou com esta frase que me deixou estupefacto: “Eu sei lá o que vou apresentar!”
Eu estava, então, longe de suspeitar do estado em que se encontravam as investigações feitas nas bacias carboníferas do Douro e de Ourém...
A situação que se me deparou causou-me enorme surpresa. Havia por estudar 40 sondagens longas que tinham sido efectuadas na Faixa Carbonífera do Douro e número semelhante na bacia carbonífera de Ourém.
Além disso, nem sequer estava feita a sua implantação em mapas geológicos.
A agravar a situação, decorriam sondagens na zona de Ourém, para investigar o prolongamento em profundidade de camadas de carvão de espessuras exíguas, sem hipótese de viabilidade de exploração económica, não fazendo, consequentemente, sentido, manter em curso tal projecto.
Encarreguei, então, um dos dois Agentes Técnicos de Engenharia, afectados ao Serviço de Prospecção Mineira, de fazer a implantação em cartas geológicas, das sondagens e sanjas que tinham sido efectuadas na Faixa Carbonífera do Douro, anteriormente à minha chefia do Serviço de Prospecção.
Não tive oportunidade de controlar o rigor deste trabalho, mas acredito que tenha sido aceitável. Apenas comento a lentidão da sua execução.
Fez ainda, a implantação em desenhos (perfis geológicos longitudinais e transversais) dos elementos das sondagens efectuadas na Bacia Carbonífera do Douro, as quais estavam a ser estudadas pelo Geólogo a cujo cargo estivera o projecto de investigação desta Bacia.
Ao Geólogo competiria elaborar estes perfis, que iriam constituir a base para cálculo e identificação das reservas evidenciadas, para a planificação da futura exploração.
Mas o Geólogo, não só recusou fazer tal trabalho, como desvalorizou tudo quanto o Agente Técnico de Engenharia havia feito por ele.
Perante o ambiente que vigorava na sede do SFM, estimulado pelo Director e dado tratar-se de um dos funcionários mais antigos do SFM não me era possível impor a metodologia normal.
Nesta matéria, prestou, portanto, valiosa contribuição, o referido Agente Técnico de Engenharia.
Quando ficaram concluídos os desenhos, entreguei, ao Geólogo, volumoso rolo em papel cenográfico que os continha para dele fazer adequado uso, apesar da sua relutância em o receber.
Registo a escassa ou nula representação por testemunhos inteiros das zonas onde se admitiu ter sido atravessado o carvão. Por outro lado, não tinha havido o cuidado elementar de controlar devidamente as trajectórias dos furos.
Eu tinha dado instruções ao Geólogo no sentido de apresentar relatório sintetizando toda a actividade realizada na Faixa Carbonífera do Douro, para se poderem planificar as acções futuras.
Tal relatório teria obviamente que conter peças desenhadas, entre as quais os perfis longitudinais e transversais seriam fundamentais.
O relatório, que recebi, em Agosto de 1968, sem as peças desenhadas a que aludi, foi de pouca utilidade, não correspondendo ao que seria de esperar.
Aconteceu, então, que o Director do SFM, que em 1964 se mostrara incapaz de apresentar o plano que o Secretário de Estado lhe solicitara, sem me informar, chamou a si o problema dos carvões da Bacia Carbonífera do Douro, dando instruções directas ao Geólogo, resultantes de reuniões que realizou com um dos concessionários.
A sequência dos estudos na Bacia Carbonífera do Douro deixou, consequentemente de ser da minha responsabilidade.
A disciplina que eu pretendia introduzir nestes estudos foi destruída pelo Director do SFM.
Tive conhecimento de ter sido elaborado novo projecto de sondagens.
Constou-me também que as peças desenhadas preparadas pelo Agente Técnico de Engenharia, sob minha orientação mas sem a indispensável revisão pelo autor do exame dos testemunhos das sondagens acabaram por ter a utilidade que mereciam.
Em reunião da Comissão de Fomento, tomei conhecimento de que o concessionário da Minas do Pejão não tinha encontrado, em novo piso que instituíra, as camadas de carvão exploráveis, que o exame dos testemunhos das sondagens fizera prever.
As minas deram por finda a exploração, já quando eu estava aposentado. Disso tomei conhecimento pelos jornais. Pelo que me foi dado conhecer, quando o estudo dos carvões esteve sob a minha supervisão, sou levado a concluir que houve graves deficiências no reconhecimento desta importante faixa Carbonífera, que podem ser responsáveis pelo encerramento das Minas.
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