As minhas recomendações à Mining Explorations (International) (MEI) sobre a aplicação intensiva da gravimetria, de preferência às sondagens com insuficiente apoio geofísico, não foram tidas na devida consideração e a Companhia via passar o tempo sem obter resultados positivos.
Começou a ficar desanimada e chegou a ponderar o abandono da área que lhe estava adjudicada, antes do termo do contrato.
Aconteceu, porém, um facto que levou MEI a rever esta atitude negativa.
O SFM acabava de revelar, na área de Aljustrel, que tinha conservado para as suas próprias investigações, uma grande concentração de minério piritoso com disseminação abundante de blenda e menor percentagem de galena e calcopirite.
Esta concentração mineral, que se situa no mesmo horizonte onde se localiza o jazigo de Feitais, anteriormente descoberto através dos estudos da Lea Cross Geophysical Company, ficou designada como jazigo da Estação, dada a proximidade da estação de caminho de ferro de Aljustrel.
Perante tão notável êxito, (a ele dedicarei um próximo post), MEI recuou na sua decisão, criando novo ânimo para continuar os seus estudos, por reconhecer que a parcela da Faixa Piritosa, que lhe estava adjudicada, mantinha ainda intactas áreas com forte potencialidade para a ocorrência de novos jazigos.
MEI, consciente do decisivo papel que eu tinha vindo a desempenhar na valorização da Faixa Piritosa Alentejana e da valiosa colaboração que tinha vindo a prestar-lhe, teve a simpatia de festejar a descoberta, no dia 28-3-1968, convidando-me para um jantar, no Hotel Tivoli, no qual estiveram presentes os mais altos dirigentes das Companhias que participavam no Consórcio.
Foram eles: Dr. Stanley Holmes (Presidente de MEI), Dr. Armstrong (Presidente de Cominco canadiana), Dr. Taylor (Presidente de Union Corporation sul-africana), Geólogo sénior Dr. Stam, Professor José Ávila Martins (representante de MEI em Portugal), Dr. Robert Batey (principal responsável pelos trabalhos de campo de MEI).
No final do repasto, houve discursos exaltando o mérito do êxito e manifestando o forte empenho de MEI em dar continuidade às suas investigações.
Quando chegou o momento para eu agradecer tão grande manifestação de apreço, causei alguma perplexidade aos meus anfitriões, ao declarar que se MEI ainda não tinha descoberto jazigo algum foi porque ainda o não merecera.
Salientei que a descoberta da Estação tinha sido a consequência de 20 anos de persistentes estudos, sem esmorecimentos perante alguns inevitáveis resultados negativos quanto a descobertas, mas positivos pela acréscimo de informação que auxiliara a encontrar os alvos desejados.
Classificava a actividade de MEI insuficiente para poder aspirar a um sucesso. Apesar de MEI já ter despendido cerca de 30 000 contos (o equivalente a perto de um milhão de euros actuais) era preciso trabalhar muito mais!
Mais tarde, o Geólogo Dr. Batey que estava encarregado da maior parte dos estudos no terreno, cujo esforço talvez não estivesse a ser devidamente apreciado, agradeceu-me vivamente esta intervenção.
Todavia, não se verificou no terreno a intensificação prometida, sobretudo em campanhas de gravimetria que eu tinha recomendado vigorosamente.
MEI não criou a sua própria equipa para a aplicação desta técnica.
Expirado o prazo de validade do seu contrato, sem ter descoberto jazigos, MEI não se interessou em celebrar novo contrato, preferindo fazer os seus investimentos em áreas de outros países onde estava a obter francos sucessos.
O seu Presidente Dr. Stanley Holmes formou novo Consórcio com capitais de outras Companhias e firmou contrato com o Estado para uma área envolvente das Minas de S. Domingos e Bicada, onde considerava existirem boas probabilidades de existência de novas massa de pirite, apesar das muitas sondagens que nessa área já tinham sido feitas.
O Director-Geral, por motivos que não me foram revelados, decidiu não me nomear seu representante junto desta nova Companhia, acontecendo que, sendo eu o único Engenheiro da Direcção-Geral a acompanhar os estudos de todas as Companhias que actuavam na Faixa Piritosa e a neles colaborar, era o único que não era remunerado por esta actividade suplementar!
Foi este o modo que o Director-Geral encontrou para manifestar o seu apreço pelo êxito da Estação de que eu tinha sido o principal autor. Mas não foi único, como irei revelar, nas devidas oportunidades.
Imediatamente após a libertação da vasta área que havia sido adjudicada a MEI, promovi que fossem realizados levantamentos gravimétricos numa área de cerca de 100 km2 que abrangia a Mina de Algaré e outras ocorrências cupríferas,
Logo começou a evidenciar-se extensa e pronunciada anomalia que viria a dar origem à descoberta do já célebre jazigo de Neves-Corvo.
A este tema dedicarei vários posts, para reposição da verdade que tem sido escandalosamente desrespeitada, em artigos publicados com grosseiros erros, em prestigiadas Revistas de vários países.
Alguns Geólogos oportunistas têm-se feito passar por autores do êxito, no qual tiveram intervenção insignificante, nula ou até negativa, chegando ao cúmulo de receber louvores em Diário do Governo e condecorações do Governo francês, com apoio presencial de altos dirigentes nacionais.
Continua ...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário