Continuo a responder à primeira pergunta formulada no post 84, caracterizando os autores da exposição que originou a minha demissão, na sua qualidade de técnicos do SFM:
O Geólogo Vítor Manuel Jesus Oliveira
Ingressou na 1.ª Brigada de Prospecção em Setembro de 1966
Proporcionei-lhe também estágio, durante alguns meses, na zona de S. Domingos da Faixa Piritosa Alentejana, sob a orientação de dois experientes Geólogos ingleses que ali actuavam, integrados na Companhia Mining Explorations (International).
Em 1970-71, foi-lhe concedida bolsa para frequência de Curso de Geologia Aplicada (Opção de Jazigos Minerais) na Faculdade de Ciências de Paris.
Encarreguei-o, principalmente, de dar o apoio geológico aos estudos na Faixa Piritosa Alentejana e aos trabalhos de prospecção que estavam em curso em áreas atribuídas à Secção de Vila Viçosa.
Vítor Oliveira foi, dos três Geólogos que estavam integrados na 1.ª Brigada de Prospecção, à data do vergonhoso documento, aquele que maior presença teve em trabalhos no campo.
Embora modesta, foi positiva a actividade que exerceu, de modo discreto.
As minhas relações para com ele foram sempre muito cordiais, como pode ser demonstrado por correspondência não oficializada sobre temas de serviço, em datas próximas da do infame documento, que ainda retenho no meu arquivo pessoal. Foi, por isso, com a maior surpresa que vi a sua assinatura nesse documento, até porque tinha bem presente a sua recente declaração de que ele e os outros técnicos da Brigada “não me trairiam”! (Ver post N.º 72)
Em princípios de Julho de 1975, visitei com meus alunos da Faculdade de Ciências do Porto, as zonas do Alentejo onde tinham sido obtidos êxitos nos trabalhos de prospecção e pesquisa mineiras que eu lá tinha dirigido. Acompanhavam-me, também, três geólogos seniores da sede do SFM, que eu convidara para tomarem conhecimento local desses êxitos.
No dia 3, quando estava a tomar o pequeno almoço no Café Coelho contíguo ao Restaurante Alentejano, o Senhor Coelho, proprietário do Café, tendo visto chegar o Geólogo Vítor Oliveira e sabendo das nossas boas relações, chamou-lhe a atenção para a minha presença.
Vítor Oliveira, de imediato, se dirige para a mesa em que também se encontrava um dos Geólogos e cumprimenta-o primeiramente.
A seguir, estende a mão para mim e diz: Bom dia, Engenheiro Rocha Gomes! Obviamente que não correspondi ao seu gesto, deixando-o de mão estendida, até que decidiu retirar-se. A minha vontade era esbofeteá-lo como punição pelo infame documento que subscrevera.
Conhecedores dos antecedentes, todos se surpreenderam pela atitude incoerente de Vítor Oliveira, depois dos insultos com que me tinha brindado.
Também o Senhor Coelho ficou estupefacto e eu tive que o informar do mau comportamento para comigo dos engenheiros e dos Geólogos da Brigada, após a Revolução.
Quando foi criada a Carreira de Investigação, Vítor Oliveira conseguiu ser classificado como Investigador Auxiliar e foram-lhe atribuídas funções mais importantes que aquelas que eu desempenhava, apesar de eu ser Investigador Principal.
Numa das reuniões realizadas em Lisboa, presidida por Delfim de Carvalho, na sua qualidade de Investigador Coordenador e na ausência do Director-Geral, que costumava presidir, apesar de não ter obtido classificação de Investigador, um dos temas em análise foi a admissão de mais investigadores.
Nessa reunião, que oportunamente descreverei, manifestei-me no sentido de se definirem prioritariamente os programas a cumprir, para se detectarem as reais necessidades.
Aconselhava, porém, que se procurasse melhorar a preparação dos actuais Investigadores, para se evitarem os erros que vinham sendo cometidos, alguns dos quais estiveram bem patentes na exposição dos trabalhos em S. Mamede de Infesta, quando da comemoração dos 50 anos do SFM.
Declarara eu, também, não ser de aceitar a presença de Geólogo com uma visão limitada dos reais problemas do SFM numa Comissão de Investigadores como representante do SFM, no âmbito da investigação científica.
Quando, na reunião de 2-5-1990, se procedia à leitura da Acta da sessão anterior, o Dr. Vítor Oliveira reage abruptamente, dizendo que apesar do muito respeito que nutria por mim, dada a minha idade, o que estava registado na Acta era uma provocação, pois tal não tinha sido afirmado.
O Director-Geral, que presidia a esta reunião, perante a situação criada, consultou os Investigadores presentes e quase todos concordaram com o Dr. Vítor Oliveira. Dos que tinham ido de S. Mamede de Infesta, apenas um declarou que as palavras que acima registei não tinham sido ditas.
Aconteceu, porém que o Dr. Delfim de Carvalho, a quem a redacção final da Acta tinha sido apresentada, não teve outra alternativa senão confirmar o que eu dissera. Declarou que, a sua qualidade de Presidente o obrigava a estar atento ao que se dizia e por isso confirmava as minhas declarações.
Estes dois acontecimentos revelam bem, não só o carácter de Vitor Oliveira, mas também a atenção dos Investigadores ao que se dizia nas reuniões, ou uma solidariedade para com um colega levada ao extremo.
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