domingo, 31 de outubro de 2010

144 – Colaboração com Empresas, na Região de Vila Nova de Cerveira – Caminha – Ponte de Lima

A todas as Empresas, que exerciam actividade na Região de Vila Nova de Cerveira – Caminha – Ponte de Lima, ou nela pretendiam instalar-se, com vista à exploração de jazigos de tungsténio, prestei colaboração, a partir do ano de 1968.

Muitas foram as referências que fiz, em posts anteriores, a este respeito.

Agora, pretendo revelar alguns factos demonstrativos do meu empenhamento para o êxito de iniciativas que visassem o racional aproveitamento do património mineiro nacional.

1 – Colaboração a Geomina

Geomina, apesar de ter como Director Técnico o Professor Catedrático da Faculdade de Engenharia, Alberto Morais Cerveira, explorava os minérios existentes nas áreas das suas concessões, com insuficiente apoio geológico.

Não tinha havido a preocupação de definir o enquadramento das ocorrências de minerais úteis, através de estudos geológicos consistentes.
Esta era, aliás, a regra, na generalidade das minas portuguesas.
A este respeito, ocorre-me revelar que, numa reunião com o Director-Geral Soares Carneiro e o chamado Gabinete de Estudos, sugeri a obrigatoriedade de, pelo menos, as Minas de maior dimensão serem obrigadas a incluir no seu Quadro Técnico, um ou mais Geólogos, de modo a terem constantemente actualizado o levantamento geológico dos trabalhos interiores. A minha sugestão não foi aceite e ainda fui alvo fui alvo de chacota.
Não havia, então, a tradição de os Geólogos penetrarem no ambiente dos trabalhos subterrâneos das Minas, isto é, onde poderiam observar as formações inalteradas.
Impunha-se que esta tradição terminasse, para que pudessem fazer-se investigações de melhor qualidade.

A falta de estudos geológicos prévios, nas concessões de Geomina, originou que se tivessem classificado, como filões, jazidas interestratificadas, daí resultando erros, que poderiam ter sido evitados.
Por exemplo, tomei conhecimento, em conversa com o Senhor João, capataz de Valdarcas, que lhe havia causado grande perplexidade que uma galeria aberta, nesta Mina, sob possante afloramento mineralizado, apenas tivesse atravessado formações estéreis, não obstante a sua pequena distância desse afloramento.
Não houvera a percepção de que se estava perante uma dobra secundária da formação mineralizada e que a galeria passara sob a charneira dessa dobra, que era responsável pelo espessamento observado no afloramento.

Toda a exploração que Geomina efectuou nas Minas de Fervença e também na Cerdeirinha (após ter contratado com “Gaudêncio, Valente e Faria”, a transmissão da respectiva concessão), se baseou exclusivamente nos resultados de campanhas de prospecção magnética empreendidas sob minha direcção. Lamentável foi observar que se praticava “lavra ambiciosa”, com desrespeito por regras fundamentais da “arte de minas”, que os Serviços de fiscalização da DGMSG não deveriam ter consentido.

Na Mina de Valdarcas, a única em exploração, quando foi criada a Secção de Caminha, igualmente Morais Cerveira, recorreu ao meu auxílio quando perdera o contacto com o jazigo, no 4.º piso, que começara a instituir, através de poço inclinado interior, com origem em galeria do 3.º piso.

Usando um magnetómetro de compensação da ABEM, procedi a observações da variação da componente vertical do campo magnético terrestre, ao longo de uma galeria - travessa, conseguindo facilmente localizar a perdida formação mineralizada.
Os trabalhos de exploração puderam, então, prosseguir.
A título de curiosidade, revelo que me auxiliava, nas observações, uma filha minha estudante de Medicina, que eu convidara a acompanhar-me.
Era ela que me iluminava, com luz de gasómetro, a janela do magnetómetro, a fim de poder fazer as leituras.
Enquanto isto acontecia, o Geólogo Vítor Manuel Correia Pereira, ao qual fiz referência, no post anterior, conversava, animadamente, com Morais Cerveira.
A este Geólogo do SFM, que então prestava colaboração remunerada, a Geomina nem sequer passou pela cabeça que o problema teria fácil solução, através de levantamento geológico, no interior da mina.
Duvido, porém, que ele soubesse desempenhar-se de tal tarefa.

Geomina, que produzia concentrados de volframite, ferberite e scheelite, não usava a fluorescência da scheelite sob a acção de raios ultra-violetas de adequado comprimento de onda, para detectar a presença deste mineral.
Foi por meu intermédio que foi introduzido, na Empresa, o primeiro aparelho portátil de produção desses raios, satisfazendo pedido de Morais Cerveira, conhecedor das minhas boas relações com Geólogo argelino que trabalhava para o BRGM e se deslocava frequentemente a França, onde o poderia adquirir.

2 - Colaboração com “Gaudêncio, Valente e Faria”

”Gaudêncio, Valente e Faria” era uma Empresa que detinha, entre outras, as concessões mineiras de Lapa Grande e Cerdeirinha, quando, em 1968, iniciei as investigações na Região Vila Nova de Cerveira – Caminha – Ponte de Lima, com vista a localizar concentrações de minérios de tungsténio.
Tinha, então, todas as suas concessões, na situação de lavra suspensa, ao abrigo de disposições legais que invocou e tinham merecido deferimento.
Os levantamentos magnéticos que, sob minha direcção, foram efectuados, revelaram anomalias suficientemente pronunciadas para justificarem a imediata execução de sondagens.
As duas primeiras que projectei revelaram concentrações de volframite e scheelite, próximas da superfície, com teores elevados, acima do mínimo para que a sua exploração fosse considerada lucrativa.
A sondagem n.º 2 ainda se encontrava em execução, quando, no exercício das minhas funções de Chefe do Serviço de Prospecção do SFM, fui realizar uma semana de trabalho no Alentejo.
Nessa época, o Geólogo que tinha sido indigitado para proceder aos estudos essenciais ao desenvolvimento do programa de prospecção, ao qual me referi no post n.º 143, a propósito da impreparação que demonstrou para as tarefas que dele eu esperava, estava encarregado da classificação dos testemunhos das sondagens em curso.
Quando regressei do Alentejo, foi grande a minha estupefacção, ao verificar que já estava em curso a sondagem n.º 3, implantada em local indicado pelo Agente Técnico de Engenharia, que era Director Técnico da Mina.
Procurei, junto do Director do SFM, encontrar explicação para tão insólito facto, e a resposta que obtive foi que aquele técnico conhecia bem o jazigo e, portanto, era-lhe concedido o direito de participar activamente nos trabalhos!!
Aconteceu, porém, o que era de esperar. O furo n.º 3, sem apoio magnético, revelou-se totalmente estéril.
Quando, casualmente, encontrei na Mina esse Director Técnico, procurei indagar em que se baseara para a marcação daquele furo.
A resposta que me deu ainda me deixou mais estupefacto. O furo tinha sido marcado, em dia de nevoeiro e por isso, saiu deslocado do local que ele pretendia!!
Passei a denominar, em documentos oficiais, este furo por ”sondagem do nevoeiro”,.

Como descrevi também no post n.º 143, este concessionário conseguiu trazer a Portugal dois categorizados Geólogos checos, que realizaram bom trabalho na região de Vila Nova de Cerveira – Caminha – Ponte de Lima.
Com eles estabeleci boa colaboração, da qual muito beneficiou o concessionário.
Tirando partido da valorização conseguida na Mina da Cerdeirinha, através dos estudos do SFM e dos Geólogos checos, negociou com Geomina a transmissão desta Mina, em condições que considerou vantajosas.
Todavia, da intervenção checa não resultou que “Gaudêncio. Valente e Faria” passasse a exercer lavra activa, em qualquer das concessões que detinha.

Anos mais tarde, apresentou requerimento a solicitar que o SFM realizasse ensaios de beneficiação do minério que havia sido evidenciado em sondagens realizadas, na concessão da Lapa Grande.
Este concessionário manifestava, então, o propósito de “reiniciar os trabalhos mineiros, tão rápido quanto possível, com instalações completamente novas e, sob o ponto de vista técnico, mais aconselháveis.”

Sobre este requerimento incidiram vários despachos do Director-Geral de Minas e do Director do SFM, o último dos quais determinando que eu informasse da “viabilidade de localização dos testemunhos e sua utilização”!!!

Estes despachos, demonstrativos da ignorância das leis vigentes, por quem tinha a obrigação de as fazer cumprir, mereceu, da minha parte, uma informação de 8 páginas dactilografadas, nas quais registei o abandono a que tinham sido votados cerca de 20 000 metros de testemunhos das sondagens que a Union Carbide entregou, por minha exclusiva iniciativa, e apesar dos minhas constantes denúncias deste verdadeiro crime.
Oportunamente, voltarei a este tema.

3 – Colaboração com BRGM

O BRGM (Bureau de Recherches Géologiques et Minières) era o equivalente francês do SFM (Serviço de Fomento Mineiro).
BRGM já se havia apercebido de potencialidades de Portugal em recursos minerais, que não estavam sendo devidamente reconhecidas pelos Organismos oficiais.
Já tinha conseguido, para a Faixa Piritosa Alentejana, associar-se a Empresa Portuguesa, passando a dar continuidade aos estudos que eu ali dirigia, há mais de 20 anos, com vários importantes sucessos, os quais acabaram por conduzir à descoberta do famoso jazigo de Neves-Corvo.
Também no Norte do País, BRGM pretendeu instalar-se, para investigar existências de minérios de tungsténio.
O seu emissário, para os primeiros contactos, foi o Geólogo de origem argelina Jean Paul Bonnici.
Várias foram as visitas que proporcionei a este Geólogo para conhecer, na região de Vila Nova de Cerveira – Caminha - Ponte de Lima, as condições de ocorrência dos minérios que procurava.
Daí não resultou, porém, contrato do BRGM, quer com o Estado, quer com concessionários locais, mas a troca de conhecimentos foi de interesse mútuo.
Foi através de Jean Paul Bonnici, que consegui o “mineralight” para Geomina, ao qual acima aludi.

4 – Colaboração com Union Carbide Exporation Corporation

A Companhia americana Union Carbide surgiu, em Portugal, no ano de 1974, interessada em fazer investimentos em exploração mineira, a fim de garantir o abastecimento em minerais de tungsténio, de que necessitava para as suas indústrias químicas.

Contactou, então, diversos concessionários de minas de tungsténio e as instituições oficiais que regulavam a indústria mineira nacional.

Foi, naturalmente, encaminhada para me contactar, já que eu estava, há alguns anos, a orientar estudos no mesmo sentido dos que pretendia executar Union Carbide.

Nessa data, já eu tinha apresentado uma Comunicação ao CHILAGE (Congresso Hispano-Luso-Americano de Geologia Económica), que se realizou, em Portugal e Espanha, em Setembro – Outubro de 1970, expondo, com detalhe, o estado avançado em que se encontravam as investigações, na Região de Vila Nova de Cerveira – Caminha – Ponte de Lima.
Na Comunicação, inseri, como peça desenhada fundamental, uma planta com as curvas de nível da formação mineralizada, indicando as zonas onde era possível a ocorrência dos minerais de tungstènio e onde, consequentemente, deveriam ser implantadas novas sondagens.

Union Carbide, perante a qualidade dos dados que lhe apresentei, em contraste com o estado menos evoluído, que notara nos estudos de outras áreas, que lhe foram apresentados, apenas se interessou em firmar contratos com concessionários instalados na Região de Vila Nova de Cerveira – Caminha – Ponte de Lima e, mais tarde, com o próprio Estado, para áreas da mesma Região, também com potencialidade para jazigos tungstíferos, mas que não tinham sido objecto de concessões.

Sobre o clausulado do contrato com o Estado, já referi a incapacidade e impunidade de dirigentes que não souberam acautelar os interesses do Estado. Pelo contrário, os concessionários locais foram capazes de firmar vantajosos contratos, à custa dos êxitos do SFM, nas áreas das suas concessões.

Além de ter a sua actividade facilitada, pelo que já se continha na minha Comunicação ao CHILAGE e na vasta documentação que lhe forneci, Union Carbide teve a minha constante colaboração.

Union Carbide propunha-se definir reservas da ordem de 1 milhão de toneladas com um teor médio aproximado de 0,8% de WO3.
Para tal, concentrou a sua atenção essencialmente, na pormenorização dos levantamentos geológicos e na realização de sondagens.

Nas minhas frequentes passagens pelas suas instalações, na freguesia de Covas, tive profícuos diálogos com mais de uma dezena de Geólogos, que por lá foram passando.
Era normal a presença de, pelo menos, 5 Geólogos.
Lembro-me dos seguintes: Carlos Aguirre, Holingsworth, Mathias, Cahoon, Bronkhorst, David Graber, Gouin, Durão, João Farinha, Acúrcio Parra.

É digno de registo o contraste com a actividade da reduzida equipa de trabalhadores que eu dirigia, na sua maior parte localmente recrutados e por mim instruídos.
Dela, não constava Geólogo algum, sendo eu o único técnico com curso superior!!
Era eu, que não sou Geólogo, quem procedia aos estudos geológicos fundamentais para apoio das outras técnicas de prospecção que usava.
Não desdenhava, porém, o concurso de técnicos competentes, que na Região surgissem, como tinha sido o caso dos Geólogos checos, a que me referi no post n.º 143.
Também quis aproveitar a experiência que os Geólogos de Union Carbide vinham adquirindo e, nesse sentido, sugeri-lhes, no final do ano de 1977, que estudassem os testemunhos das sondagens realizadas pelo SFM, para os comparar com os constantes dos logs por mim elaborados.
Surpreendente foi a censura que recebi de uma Comissão ilegalmente constituída, com inacreditável suporte superior, a qual assumia, nessa época, funções dirigentes.
Em vez de me apoiar nas minhas diligências para aperfeiçoar os estudos, ameaçou-me com procedimento disciplinar, por ter autorizado Union Carbide a realizar novo exame dos testemunhos.
O procedimento disciplinar só não se concretizou, porque entidade jurídica consultada sobre o assunto, não encontrou justificação!

Com carácter episódico, Union Carbide procedia, também, a levantamentos pelo método magnético. Não dispondo, porém, de pessoal especializado nesta técnica, era frequente recorrer ao meu auxílio, não só para as piquetagens preparatórias e para outros trabalhos de topografia, mas também para a correcta execução das observações magnéticas e subsequentes correcções.
Acontecia, ainda que recorria à minha experiência para resolução de pequenas avarias que ocorriam no magnetómetro de precessão nuclear, que usava.

Reconhecendo a importância do meu auxílio, Union Carbide requereu, em 3-9-75, ao Director-Geral de Minas, a minha nomeação como representante do Estado junto da Empresa, a exemplo do que tinha acontecido com contratos firmados para a Faixa Piritosa.

Todavia, a este requerimento, jamais foi dada resposta, prejudicando-se, intencionalmente a acção que eu estava efectivamente desempenhando.

Tendo solicitado o meu auxílio para a execução de trabalhos mineiros, para os quais não dispunham de pessoal especializado, não pude aplicar a experiência que tinha adquirido, neste âmbito, durante os 15 anos, em que dirigi a Brigada do Sul.
De facto, foi nesta Brigada que se realizaram os mais importantes trabalhos desta natureza, em toda a vida do SFM (Ver, por exemplo post n.º 21, sobre o estudo do jazigo de cobre de Aparis).

Indiquei o Engenheiro Mourão recentemente licenciado pela Faculdade de Engenharia do Porto e que eu sabia ter dirigido trabalhos de exploração, na Mina da Fonte Santa, perto da Barca d’Alva.

A colaboração, que se estabeleceu com Union Carbide, não foi unilateral. Esta Empresa também prestou valioso auxílio aos trabalhos que decorriam sob minha direcção.

Mais de uma vez, nos emprestou o seu magnetómetro.
Em casos de anomalias de pequena amplitude, provavelmente originadas por massas mineralizadas profundas, em que a correcção da variação diurna deveria ser efectuada com mais rigor, tornava-se útil recorrer a leituras do campo magnético sempre no mesmo local a intervalos de tempo curtos usando um segundo aparelho.

Prestou, também como referi no post n.º 140, valiosa colaboração em programa de Reunião de Geólogos do Oeste Peninsular.

Chegou até a ceder-nos, por um período dilatado, um dos seus jipões, quando a Secção esteve privada de meio de transporte próprio, sem que o Director do SFM tomasse providências para resolver o problema.
Eu pude, então, observar pessoal do 2.º Serviço, deslocando-se em jeeps, na área onde eu actuava, a realizar trabalhos,simbólicos em Minas abandonadas, para investigar a existência de ouro, mas cujo real objectivo era justificar a atribuição de ajudas de custo e de subsídios de marcha a determinados funcionários.

Além disto, Union Carbide ainda proporcionou proveitosos estágios a dois dos meus ex-alunos.

Tendo iniciado a sua actividade em 1974, quando requerera, em meados de 1979, a prorrogação do seu contrato com o Estado, já tinha efectuado mais de 17 000 metros de sondagens a acrescentar aos 7 000 perfurados pelas sondas do SFM.

Tinha-se aproximado do objectivo que se tinha proposto alcançar, estimando as reservas indicadas e inferidas em cerca de 1 milhão de toneladas.
Não obstante, classificava o projecto, ainda com carácter marginal.
Tinham procedido a ensaios de beneficiação do minério, em Laboratório dos Estados Unidos, utilizando testemunhos de sondagens propositadamente efectuadas para esse efeito e tinham recebido resultados algo decepcionantes. As recuperações conseguidas foram inferiores às que Geomina obtinha na sua lavaria de Valdarcas.

Os denominados “Scheeliteiros” ainda pretenderam interessar Union Carbide numa área de Cravezes (Mogadouro), onde afirmavam ter descoberto jazigo tungstífero.
Cahoon, que então dirigia o departamento de Covas, aceitou o convite para uma visita a essa área. Confidenciou-me, depois, que o estéril da lavaria de Valdarcas tinha um teor de WO3 superior ao do minério bruto de Cravezes
Cravezes não poderia, pois, contribuir para o acréscimo de reservas, de modo a estimular a permanência de Union Carbide no País.

Apesar do moderado optimismo de Union Carbide, considerando a hipótese de a Empresa vir a abandonar a Região, procurei que todos os elementos dos seus estudos, incluindo os testemunhos das numerosas sondagens, fossem entregues ao SFM.
Se a área não tivesse interesse para uma grande multinacional, poderia ser atractiva para uma Empresa menos ambiciosa.

Contra todas as expectativas, Union Carbide tomou, em fins de Novembro de 1979, a decisão de rescindir os contratos que tinha firmado, quer com concessionários radicados na Região, quer com o Estado Português.

A razão principal para tão súbita decisão foi a oferta que passou a verificar-se, nos mercados internacionais, de produtos oriundos da China, a preços com os quais as minas europeias tinham dificuldade em competir. Até a excepcionalmente rica mina da Panasqueira atravessou períodos de grande dificuldade.

No post n.º 146, referirei atitudes surpreendentes do Director do SFM, no que respeita ao aproveitamento da documentação que Union Carbide entregou, por minha exclusiva iniciativa.

5 – Colaboração com COMINCO

Cominco era uma Companhia canadiana, já minha conhecida desde meados da década de 60 do século passado. Nessa época, havia-se associado à Union Corporation sul-africana e a um grande capitalista americano de nome Taylor, para formar a Companhia Mining Explorations (International), que se dedicava a prospecção mineira, em vários países, com realce para Portugal e Espanha.
Mining Explorations (International firmou vários contratos para áreas do Sul de Portugal, sendo os mais importantes os que estabeleceu com o Estado para a Faixa Piritosa Alentejana.
Com esta Companhia estabeleci franca colaboração, no cumprimento de uma cláusula que me conferia representação do Estado, para acompanhar e auxiliar a sua actividade.
Quando se realizou, em Portugal e Espanha, a reunião de Geólogos do Oeste Peninsular a que me referi no post n.º 140, o experiente Geólogo da Cominco, Dr. João Rafael Serpa Magalhães, bem impressionado com o que observou, durante a exposição que fiz sobre a actividade que eu dirigia, em prospecção na área do Serro (Argela) da Região de Vila Nova de Cerveira – Caminha - Ponte de Lima, sugeriu à Cominco que procurasse firmar contrato com o Estado para dar continuidade aos estudos nessa área, tendo em vista a futura exploração dos jazigos de tungsténio, que viessem a ser detectados.
A sugestão foi aceite e, em 1982, Cominco firmou contrato com o Estado e, logo deu início a estudos geológicos preparatórios, por intermédio dos Geólogos John Lowery e Gustavo Zazo, que fez deslocar para a Região.
Com ambos estabeleci boa colaboração, tendo observado, com satisfação, a sua total concordância com a interpretação da estrutura geológica que eu lhes tinha apresentado.
A sua actividade centrou-se, sobretudo na geoquímica, tendo começado por fazer analisar, nos seus Laboratórios do Canadá, alguns milhares de amostras que tinham sido colhidas pela equipa da Secção de Caminha e que o Laboratório de S. Mamede de Infesta decidira não analisar e até já tinha encaminhado para destruição!
As análises revelaram significativas anomalias, reforçando resultados de outras técnicas que o SFM tinha aplicado.
Infelizmente, a actividade da Cominco não teve a continuidade que se esperava.
Segundo me informou Serpa Magalhães, tinha havido grande reestruturação da Empresa, que a levara a dar preferência a outros ramos da sua diversificada actividade. Isso conduziu-a a suspender vários dos seus projectos mineiros.

O Director do SFM. Jorge Gouveia, mantinha-se completamente indiferente a mais estes meus esforços de valorização dos recursos minerais da Região de Vila Nova de Cerveira - Caminha – Ponte de Lima.

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