domingo, 6 de fevereiro de 2011

157 – Análise da Ordem de Serviço referida no post anterior

Antes de iniciar a descrição das circunstâncias em que decorreu a elaboração de um relatório “circunstanciado” acerca dos estudos realizados, sob minha orientação, na Região de Vila Nova de Cerveira – Caminha – Ponte de Lima, vale a pena analisar a Ordem de Serviço, em que me é exigido esse relatório.
Desta análise, resulta evidente a mediocridade e o carácter malévolo do seu autor, como demonstrarei, a seguir.

1 - Alcides Pereira, que se refugiava num comportamento essencialmente burocrático, face á sua inexperiência em matéria geológico-mineira, ignorava que despacho é, “ resposta escrita dada por autoridade a petição ou requerimento; toda a decisão que as autoridades competentes proferem sobre qualquer petição ou requerimento que lhes é feito, avulsamente ou no decurso de um processo” (Ver Enciclopédia Portuguesa e Brasileira).
No caso em análise, não há petição ou requerimento para “despacho”. Trata-se de uma Ordem de Serviço e não de um despacho.

2– Alcides, que se mostrara zeloso no cumprimento de formalidade tão inútil quão despropositada, como era a minha submissa apresentação ao Engenheiro Borralho, ao Engenheiro Costa, ou ao Dr. Ruy Rodrigues, na ausência do Director Daniel, afinal infringia um dos mais elementares requisitos essenciais à disciplina interna de qualquer organização e ao bom ambiente de trabalho, fundamental para garantir eficácia.
Estando eu directamente subordinado a Daniel, conforme ficara estabelecido na reunião de 9-9-93 (Ver post n.º 150), era dele que deveria ter emanado a Ordem, para não introduzir mais indisciplina, em Organismo já gravemente afectado por decisões arbitrárias de funcionários com currículos fraquíssimos ou mesmos negativos, que tinham tomado de “assalto” cargos directivos. (ver Resoluções de Conselhos de Ministros transcritas nos posts n.ºs 128 e 133)
Fernando Daniel, ao aceitar, sem reacção, que Director-Geral o tivesse ultrapassado, ao emitir tal Ordem, provavelmente nem se terá apercebido da afronta à dignidade do cargo que tinha obrigação de fazer respeitar.
De facto, ele até se vangloriava de se ter habituado a “engolir muita coisa”, na indústria privada!

3 – Alcides salienta a necessidade de “programar convenientemente as actividades da DGGM”.
Desta afirmação, lógico é deduzir que não considerava convenientemente programadas as investigações, sob minha orientação, há mais de 20 anos, na Região de Vila Nova de Cerveira – Caminha – Ponte de Lima.
É lógico também deduzir que tal afirmação tivesse origem em informações de Daniel, o que não abona a favor do comportamento ético deste dirigente, que já tivera oportunidades para expor as suas divergências, se as tivesse, nos vários encontros já comigo havidos.
Ocorria-me, então, perguntar se Alcides e Daniel teriam lido os planos de trabalho que eu apresentava anualmente, os quais sempre tinham merecido aprovação e se tinham lido os relatórios e outros documentos em que eu realçava o facto de todas as explorações mineiras na Região se terem baseado em resultados de trabalhos anteriores do SFM, sob minha direcção.
E porque preferira Union Carbide a região de Caminha, em vez de outras que lhe foram apresentadas, para fazer os seus vultosos investimentos em prospecção mineira.
E porque teria esta Empresa solicitado a minha nomeação como representante do Estado, no cumprimento dos seus contratos, para eu poder acompanhar mais de perto a sua actividade e prestar colaboração, à semelhança do que sabia ter acontecido em contratos relativos à Faixa Piritosa Alentejana.

4 – Embora determinando que ficasse suspensa toda a minha actividade no campo, Alcides não suspendeu os trabalhos que, na Região, se encontravam em curso.
Confiou aos 4 funcionários da Secção de Caminha, a responsabilidade de darem continuidade às investigações por mim projectados, mas agora sem a minha presença, que consideraria dispensável, sabendo que eu havia recrutado esses funcionários apenas com a escolaridade obrigatória, localmente e no Alentejo, tendo-lhes dado formação adequada às tarefas que deles pretendia.
Admitia, provavelmente, que a actividade seria de simples rotina e que não haveria que adaptar constantemente os métodos e as suas modalidades de aplicação aos resultados que se fossem obtendo.
Alcides consideraria suficientes as minhas instruções, por via telefónica!
Não se concilia muito bem esta resolução, com a ambição de programar convenientemente!

5 – Ocorre perguntar porque foi seleccionada esta Região como um dos locais de maior interesse a visitar pelos participantes em excursão relacionada com a Reunião de Geólogos do Oeste Peninsular a que me referi no post 140.
E porque me foram feitos tão rasgados elogios, pelos participantes nesta excursão, a ponto de um deles ter proposto à empresa Cominco, sua empregadora, que se candidatasse a prospecção em área que o SFM tinha em início de estudo, em resultado de descoberta, que eu havia feito, de um nível de skarn mineralizado.

6 – Durante 20 anos, na minha qualidade de Chefe do Serviço de Prospecção Mineira, com área de actuação extensiva a todo o território metropolitano nacional, fui o responsável pela planificação e execução dos principais trabalhos de prospecção do SFM, com os resultados que são bem conhecidos. Agora, só me eram permitidas, e apenas, eventualmente, meras sugestões para o prosseguimento dos trabalhos!
Mas, curiosamente, o novo programador iria basear-se nos resultados de trabalhos, não convenientemente programados, que eu desenvolvia em Caminha, pois que me era ordenada a apresentação da respectiva documentação.
E quem viria a desempenhar o papel de novo programador?
Alcides não poderia ser, pois como informarei oportunamente, ele próprio declarou perante mim nada perceber do que eu fazia em Caminha.
Daniel também não poderia, pois já tinha declarado que não viera para o SFM para trabalhar e além disso, também acabou por afirmar, perante mim, como revelarei, em ocasião oportuna, que “nada percebia de prospecção geofísica e até tinha raiva a quem percebia”.
Tudo indicava, portanto, que seria, de facto, Reynaud o novo programador, pois este ambíguo personagem até já tinha iniciado a sua especialização em parasitismo, como revelei em posts anteriores, sendo certo que em matéria de prospecção mineira demonstrava grande ignorância.

7 – Muitas mais reflexões poderia fazer sobre a insensatez desta Ordem.
Ocorre-me, por exemplo, a minha nomeação, em 1961, como representante de Portugal num Grupo de Trabalho Internacional constituído, no âmbito da OCDE, para a adopção de métodos modernos de prospecção e a minha apresentação de um programa de prospecção aérea que mereceu tal aceitação que a OCDE resolveu torná-lo extensivo a Espanha (Ver post n.º 22).
Ocorre-me também citar a minha nomeação, em 1965, para representar a Metrópole em Jornadas de Engenharia realizadas em Moçambique e o sucesso da Comunicação que lá apresentei acerca de estudos por mim programados que tinham conduzido a notáveis êxitos (Ver post n.º 20)

Sem comentários: