sexta-feira, 8 de julho de 2011

177 – Nova discussão sobre o Plano Mineiro Nacional. Continuação

Foi em fins de Agosto de 1985, quando já tinham decorrido cerca de 8 meses para além do prazo fixado pelo Conselho de Ministros, para lhe ser apresentado o Plano Mineiro Nacional, que o Departamento de Mineralogia e Geologia da Faculdade de Ciências do Porto foi convidado, pelo Instituto Nacional de Investigação Científica, a responder a questionário, com o objectivo de participar na elaboração do Plano.

Em satisfação de pedido verbal, formulado pelo Director daquele Departamento Universitário, onde tinha a meu cargo a regência da disciplina de Prospecção Mineira, apresentei, de imediato, a minha contribuição para as respostas aos dois itens, que se relacionavam directamente com a minha actividade docente.

A seguir transcrevo essa contribuição:

Item 4 – Listagem dos estudos efectuados com ligação possível com um Plano Mineiro, conduzidos nos últimos 5 anos
No âmbito das cadeiras de Prospecção Geológica, Geofísica E Geoquímica I E II e de Prospecção Mineira I e II, os alunos de Geologia da Faculdade de Ciências do Porto têm tido aulas de campo, em áreas onde o Serviço de Fomento Mineiro tem ou teve em curso campanhas de prospecção mineira, nomeadamente na Região de Vila Nova de Cerveira – Caminha – Ponte de Lima e na denominada Faixa Metalífera da Beira Litoral.
Sabemos que os trabalhos destes alunos, bem como os de outros estabelecimentos de ensino, têm sido úteis ao Serviço De Fomento Mineiro.
Pensamos que a utilidade poderá ser grandemente acrescida, obviamente com importantes reflexos no desenvolvimento geológico e mineiro do País, se se estimular e intensificar este tipo de colaboração entre as Universidades e um Organismo vocacionado para o fomento da indústria mineira nacional, que poderá tornar-se no Grande Empregador dos diplomados por essas mesmas Universidades.
As duas áreas a que nos referimos reúnem excepcionais condições para tal tipo de colaboração.
Afigura-se-nos que um Plano Mineiro Nacional deverá contemplar, prioritariamente acções de formação de quadros de técnicos e de cientistas, dado que é neste campo, onde se têm manifestado as grandes carências nacionais.
Na situação de debilidade em que se encontra a nossa indústria mineira, é de fundamental importância uma intensa actividade em matéria de prospecção. Isso vai exigir uma adequada preparação de técnicos especialistas nos vários sectores em que a actividade se desdobra.
Não poderá adquirir-se especialização senão efectuando trabalho.
Por isso, advogamos a intensificação da colaboração já iniciada, a qual, apesar de muito reduzida, até ao presente, produziu já significativos frutos.

Item 6 – Indicação das linhas de estudo que se pretende abrir; sua motivação (interna e externa) e objectivos; planificações preliminares previstas; principais limitações e/ou dificuldades, que se afiguram para a sua realização.

Conforme se referiu, no nº 4 deste questionário, o Centro de Geologia da Faculdade de Ciências do Porto desejaria efectuar estudos integrados no Programa de Prospecção Mineira, que decorre na Região de Vila Nova de Cerveira – Caminha – Ponte de Lima, aproveitando as estruturas existentes nesta Região.
Na realidade, já um Assistente desta Faculdade está procedendo, na Região, a estudos de Geologia, com vista à sua tese de doutoramento.
Estamos conscientes de que a matéria é vasta e novos estudos geológicos serão constantemente necessários.
Nos domínios da prospecção geofísica e geoquímica, das sondagens, dos trabalhos mineiros de pesquisa e reconhecimento e até de exploração, da mineralurgia, dos estudos de exequibilidade, muito haverá também a investigar, nesta Região. Mas há, sobretudo, um excelente campo de preparação para os especialistas de que o País está ainda tão carecido.
Há, sem dúvida, as tradicionais dificuldades originadas pelas exíguas dotações.
Afigura-se-nos, porém, que, da conjugação das possibilidades, quer orçamentais, quer em equipamentos já existentes, nos diversos organismos técnicos ou científicos, que poderão entrar em mais estreita colaboração, muito beneficiará o País, no que respeita a uma mais perfeita planificação das actividades de fomento mineiro, que são aquelas que presentemente mais interessam a um Plano Mineiro Nacional.

Continua …

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