sábado, 21 de março de 2009

55 – A conferência do Director – Geral sobre pirites em 23-5-1969

Ao conhecimento do Director-Geral chegou publicação do Instituto Bartelli, que abordava o tema da pirite, como minério de enxofre, num âmbito global.
Entusiasmado com o que leu, quis aproveitar os dados que lá encontrou, para demonstrar, perante um membro do Governo e alguns dos seus assessores, a posição privilegiada de Portugal nesta matéria e o futuro risonho que era de prever para as concentrações minerais que tinham sido descobertas com a valiosa intervenção da Direcção-Geral de Minas, através do seu Serviço de Fomento Mineiro.

Para esse fim, solicitou a presença do Engenheiro Rogério Martins (Secretário de Estado da Indústria), Engenheiro João Salgueiro (Sub-Secretário de Estado do Planeamento Económico), Dr. Cardoso Torres, Dr. Magalhães Mota e dois técnicos de produtividade do Instituto Nacional da Indústria, para estarem presentes em reunião restrita da Comissão de Fomento, onde se propunha fazer a sua exposição sobre o tema.
Da parte da DGMSG, convocou os Inspectores Superiores, o Director do SFM, o seu Adjunto conhecido por Ajax e os Chefes dos 1.º e 4.º Serviços do SFM.

Na véspera da reunião, após ter desabafado que convocara também o Director do SFM, esperando porém que ele se mantivesse calado, ensaiou, perante mim, a exposição que iria fazer e perguntou-me, quando a concluiu, qual a minha opinião.

Honestamente, refreei o seu entusiasmo, fazendo-lhe ver que a pirite como minério de enxofre, sem os outros minerais que a costumam acompanhar, é uma matéria-prima muito frequente e que a vantajosa posição de Portugal se devia à proximidade dos mercados, visto que sendo produto barato não suportava grandes despesas de transporte.

O Director-Geral não gostou desta resposta e reagiu dizendo que eu poderia saber muito de prospecção, mas da matéria da exposição ele sabia muito mais!

A reunião iniciou-se pelas 10 horas e 30 minutos de 23 de Maio de 1969, com todas as presenças previstas, mas não teve o sucesso que o Director-Geral desejava.

O Engenheiro Rogério Martins nem o deixou terminar. Já cansado da sua longa exposição acompanhada de projecções para o futuro, teve esta expressão: “E se ouvíssemos agora o Engenheiro Rocha Gomes sobre a prospecção na Faixa Piritosa Alentejana?”

Eu tive, então, oportunidade de explicar o que já tinha sido realizado, a actividade em curso e o que estava projectado.

Quanto ao Director do SFM, cumpriu o que o Director-Geral dele esperava.

Poucos anos após esta reunião, aconteceu que a pirite, como minério de enxofre, deixou de ter valor comercial. Passou a ser considerada como ganga, dado que se tornou possível obter enxofre, a partir de outras fontes, em condições muito mais económicas. O minério piritoso voltou a ser valorizado pelo seu conteúdo de cobre, zinco, chumbo e outros metais minoritários, tais como ouro, prata.

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