No seu início, o SFM, que sempre esteve integrado na Direcção-Geral de Minas (DGM), teve uma organização simples: uma sede no Porto, uma delegação em Lisboa, e 3 Brigadas regionais, cobrindo o País.
As Brigadas podiam criar núcleos, denominados Secções, em maior proximidade das áreas a estudar.
A Direcção do SFM poderia criar Brigadas especializadas, colocando-as na sua directa dependência ou na dependência das Brigadas regionais.
A sede do SFM encarregou-se da investigação da Faixa Carbonífera do Douro, dando continuidade a estudos anteriores do Instituto Português dos Combustíveis, que foi extinto.
Também na dependência da sede do SFM esteve uma campanha de prospecção magnética, sobre áreas de ocorrência de jazigos de ferro (Vila Cova do Marão, Montemor-o-Novo, Alvito, Orada).
Esta campanha, de curta duração, foi empreendida por contrato com a Companhia sueca ABEM, e teve a colaboração de técnicos do SFM.
A Brigada do Norte começou por ter a sua sede em Bragança, ocupando-se essencialmente do estudo do jazigo de ferro de Guadramil e secundariamente de outras pequenas ocorrências de minérios diversos.
A Brigada do Centro, localizada nas Caldas da Rainha, teve por missão inicial o acompanhamento de trabalhos de prospecção que estavam em curso, a cargo de Empresa privada, para investigação da possível existência de sais de potássio.
Mais tarde, já possuidora de um equipamento de prospecção sísmica, passou a realizar, ela própria, trabalhos por esta técnica geofísica.
A Brigada do Sul, teve a sua primeira sede em Montemor-o-Novo, por aí se situarem minas de ferro consideradas, então, susceptíveis de encerrar importantes reservas de minério de boa qualidade, que pudessem vir a alimentar a siderurgia, que se pensava instalar em Portugal.
Em 1944 a sede foi transferida para Beja, local mais central relativamente às Secções que, entretanto, se criaram.
Fiz o meu terceiro e último estágio do Curso de Engenharia de Minas, em 1943-44, no núcleo de Midões da Faixa Carbonífera do Douro, onde decorriam sondagens a cargo de Companhia belga, em cumprimento de projecto elaborado pelo Director Técnico da Minas de S. Pedro da Cova.
Em Agosto de 1944, fui destacado, já como Engenheiro, para dar início à actividade da Brigada de Prospecção Eléctrica (BPE), cujo objectivo era prospectar, por um método electromagnético, a Faixa Piritosa Sul-Alentejana, como ela era então conhecida, isto é, uma área com cerca de 120km de comprimento e uma largura média de 20km, estendendo-se desde a fronteira com Espanha, nas imediações da Mina de S. Domingos, até ao Oceano Atlântico, perto de Grândola, onde se situavam as Minas do Louzal e da Caveira.
Cedo me apercebi de que se não tornava necessário prospectar a totalidade da área, pois o conhecimento que fui adquirindo sobre o enquadramento geológico dos jazigos de pirite, levou-me à concluir que estes jazigos ocorrem sempre em relação com a presença de determinadas rochas eruptivas, às quais era dada, nessa época, pela simples observação macroscópica, a designação geral de pórfiros.
Sugeri, então, ao Chefe Brigada do Sul, da qual a BPE dependia, que um Geólogo procedesse ao levantamento prévio destas rochas, para restringir a prospecção a uma superfície que as envolvesse.
A sugestão foi aceite, mas foi um Engenheiro de Minas recentemente contratado que foi encarregado deste levantamento.
Foi assim criada, na dependência da Brigada do Sul, uma Brigada denominada de Levantamentos Litológicos.
À sua actuação me referirei em próximo post.
A Brigada do Sul tinha, então, já Secções em Montemor-o-Novo, Minas de Alvito, Moura e Cercal do Alentejo, nas quais decorriam trabalhos de pesquisa rudimentares dada a escassez de material apropriado (moto-compressores, martelos pneumáticos, bombas de esgoto, ventiladores, etc.).
Decorria, então, ainda a 2.ª Guerra Mundial e era praticamente impossível a importação destes equipamentos. Grande parte do material que estava a ser utilizado tinha sido adquirido, com muito uso, a Empresas alemãs que exploravam volframite em minas do Norte e Centro do País.
Foi esta a que vigorou até 1948, com uma relativa normalidade e eficácia, tendo em consideração que todo o pessoal técnico tinha sido recrutado, logo após a conclusão dos seus cursos, portanto sem experiência.
Apesar de a experiência adquirida ser ainda muito limitada, o Ministério do Ultramar quis aproveitá-la e convidou dois Engenheiros e três Agentes técnicos de Engenharia da Brigada do Sul, para investigações mineiras, na Província de Moçambique. O convite foi aceite e a Brigada ficou com o seu quadro de técnicos profundamente desfalcado.
Esta circunstância não enfraqueceu, todavia, o ânimo ao Director do SFM, que logo tomou as providências necessárias para que a actividade de prospecção mineira no Sul do País pudesse ter continuidade.
Foi esta a razão pela qual eu passei a dirigir a Brigada do Sul, mantendo o controle da actividade na Faixa Piritosa.
Infelizmente, o falecimento do Eng.º António Bernardo Ferreira, em 1948, veio originar sucessivas alterações à organização que estava em vigor, com consideráveis repercussões na eficácia do SFM.
A essas alterações me referirei no próximo post.
sábado, 30 de agosto de 2008
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1 comentário:
Aguardo os próximos capítulos!
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