sexta-feira, 10 de julho de 2009

77 – As movimentações para a reestruturação da Direcção-Geral de Minas

Os meses de Dezembro de 1974 e Janeiro de 1975 foram dominados por frequentes reuniões, nos diversos departamentos da DGMSG, com o objectivo de reestruturar este Organismo, para alegadamente lhe aumentar a eficiência.
Estas reuniões tinham o consentimento e até o estímulo do Director-Geral.
No que respeita aos departamentos do SFM com sede em S. Mamede de Infesta, houve a participação de todo o pessoal, independentemente da sua preparação para os temas em análise. Além dos técnicos superiores e médios, estiveram presentes funcionários administrativos, das oficinas, da cantina, da limpeza, etc., contratados ou assalariados, com longa permanência no SFM ou de recente admissão.
Os Geólogos foram os principais autores dos projectos de reestruturação apresentados a discussão.
Muitas horas foram dedicadas a estas reuniões, geralmente dentro do tempo normal de trabalho, tornando-se patente que a preocupação principal era a criação de novas categorias que viessem proporcionar situações mais confortáveis aos funcionários, independentemente da sua real necessidade ou justificação.
Um dos Geólogos chegou a caracterizar estes projectos como obedecendo a uma “política da casota”.
Outro, mais esclarecido, perante as absurdas intervenções que se observavam, comentava que “tinham dado voz activa a quem nem passiva devia ter”.
Em 2 de Dezembro, realizou-se uma reunião, na Sala das Sessões da sede do SFM, em S. Mamede de Infesta, presidida pelo Director-Geral, na qual este apresentou à discussão o seu projecto de organigrama da futura DGMSG.
Além do pessoal com funções na sede do SFM e da Circunscrição Mineira do Norte, estiveram presentes os Engenheiros e os Geólogos da 1.ª Brigada de Prospecção propositadamente vindos de Beja. Notou-se ainda a presença do Chefe do 4.º Serviço, que exercia as funções, a partir de Lisboa.
Só durante as discussões se percebeu a razão da presença dos elementos estranhos aos departamentos sediados no Norte, uma vez que o assunto estava a ser debatido nos diversos núcleos da DGMSG e esta não era uma reunião plenária, em que todos os departamentos da DGMSG estivessem representados.
Na realidade, estes técnicos vieram para dar apoio ao Director-Geral, contrariando o ambiente hostil que lhe estava reservado, perante o conhecimento do seu passado, que punha em causa a sua continuidade no exercício do cargo.
A presença destes elementos foi interpretada como a contrapartida pela concessão da “regra dos 70% nas ajudas de custo”. O Director-Geral aplicara, com sucesso, a velha táctica primária de “criar dificuldades para vender facilidades”.
Nas minhas intervenções, critiquei o modo superficial como este assunto estava a ser abordado. Comparei-o a um problema corrente de prospecção mineira.
Impunha-se o seu ataque disciplinadamente, por fases, consistindo a primeira, obviamente, em colheita de dados, de diversas fontes nacionais e estrangeiras, sem pressas ou precipitações. Observei que muitas alterações da estrutura do SFM tinham sido feitas, desde a sua criação, sem alardes, à medida que as necessidades foram surgindo e assim se obtiveram grandes êxitos. Deveria aproveitar-se a lição.
Causou-me estranheza que o Geólogo Dr. José Goinhas, que fizera parte da “claque” de apoio ao Director-Geral, se me tivesse dirigido para me felicitar pelas minhas intervenções, de que muito tinha gostado!
Como consequência desta e doutras reuniões que se lhe seguiram, ficou eleita, em 26-12-1974, no Norte do País, uma “Comissão Coordenadora Pró-Reestruturação da Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos”, que se apoiaria em Grupos de Trabalho constituídos para os diversos domínios especializados por que deve distribuir-se a acção da Direcção-Geral.
Em 2-1-1975, procedeu-se à organização dos Grupos de Trabalho.
Fui designado, na qualidade de Chefe do 1.º Serviço, para o “Grupo de Trabalho da Prospecção Mineira”, que seria constituído exclusivamente por mim.
Foi fixado o prazo até 11-1-1975, para apresentação de sugestões.
No próximo post, farei a transcrição das passagens fundamentais do documento de 13 páginas dactilografada a um espaço, que apresentei em 12-1-1975.
Referirei, também, as reacções que esse documento suscitou.

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