sábado, 25 de julho de 2009

84 – A minha demissão da chefia da 1.Brigada de Prospecção. Continuação 3

Em coerência com os princípios democráticos, de que tão repetidamente se mostraram fervorosos adeptos, os signatários da exposição que originou a minha demissão da chefia da 1.ª Brigada de Prospecção deveriam ter solicitado inquérito aos meus actos, e o Director, que tão bom acolhimento deu à exposição, de imediato, deveria ter mandado instaurar rigoroso inquérito, de preferência por entidade estranha à DGMSG, que desse garantias de isenção.
Isso poderia ter conduzido à exclusão da chamada Comissão de Saneamento, uma vez que nela participava um ex-Director do SFM que não tivera bom relacionamento comigo.

A leitura atenta da exposição suscitou-me as seguintes perguntas, que eu teria formulado, se tivesse sido instaurado o inquérito em que, obviamente, me deveria ser concedido direito de defesa:

1 - Quem são (ou eram) os signatários da exposição e qual a sua participação nas “vastas e delicadas tarefas” a que se referem?

2 – Porque não constam da exposição as assinaturas dos trabalhadores assalariados, sendo estes a grande maioria do pessoal da Brigada, com funções não menos importantes que as de muitos dos contratados?
Não repararam os contratados, agora travestidos de democratas, que a sua actividade muito dependia do trabalho destes assalariados?
Não repararam estes recém-convertidos à democracia, que estavam a usar procedimento típico do regime que sempre apoiaram, e do qual agora pretendiam mostrar-se opositores?

3 - Quais “os enormes prejuízos que eu ocasionei ao País, no planeamento, execução e controlo dessas vastas e delicadas tarefas”?

4 - Se sentiam tanto a falta da minha chefia, censurando uma ausência que tive da sede da Brigada durante 6 meses, porque pedem o meu afastamento definitivo?
Porque, tendo o Director dado plena satisfação a “birras de meninos malcriados” sentiu necessidade de determinar que eles continuassem a enviar-me relatórios, para que eu “com a minha experiência e conhecimentos” o pudesse auxiliar na condução dos estudos da 1.ª Brigada de Prospecção?

5 – Tendo previsto “naturais consequências” da minha demissão da chefia da 1.ª Brigada de Prospecção, porque não assumiu o Director do SFM toda a responsabilidade envolvida, procurando o apoio do Director-Geral?
Se as consequências a esperar seriam benéficas para o SFM como insinuavam os subscritores da exposição, uma vez que se propunham acabar com as deficiências de planeamento, execução e controlo das vastas e delicadas tarefas a cargo da 1.ª Brigada de Prospecção, porque manifestou o Director do SFM preocupação com essas consequências?

6 - Quais as ideias novas que apresentaram nas reuniões em Beja, que eu não tive na devida consideração?

7 - Quais as promessas que não cumpri? Que mérito atribuíram às minhas insistentes propostas de revisão salarial, para evitar a deserção de pessoal fundamental aos trabalhos, em muitos casos por mim directamente preparado, ao longo de muitos anos?
Esqueceram a informação que lhes prestei de ter mostrado ao Director-Geral o meu grande desalento, por não terem seguimento as minhas propostas de aumentos de salários, tendo chegado, em desabafo, perante as dificuldades que enfrentava, a apresentar a hipótese de abandonar o SFM?
Esqueceram que o Director-Geral reagira, como se fosse dono da DGMSG, dizendo que se eu quisesse ir embora, fosse, demonstrando assim um total desinteresse pela eficácia do SFM (Ver parte final do post N.º 24, sobre a importância da formação profissional)?
8 - Quem foi sempre o principal prejudicado na remuneração?
9 – Tendo tido conhecimento (Geólogos e Engenheiros da 1.ª Brigada de Prospecção residentes em Beja) da Resolução do Conselho de Ministros sobre a indispensabilidade de assegurar o normal funcionamento dos Serviços, e estando nela proibidas, reuniões rotuladas de contribuições para a reestruturação dos Serviços, durante o tempo de trabalho, porque decidiu esse reduzido grupo de funcionários, sem autorização do seu Chefe e sem que lhes fosse reconhecida idoneidade para iniciativas sérias em tal matéria, assumir atitude indisciplinada como representante da Brigada, em reunião conjunta com os Serviços Geológicos de Portugal?

10 – O que é que justificou a sua deslocação a S. Mamede de Infesta, em 2-12-1974, onde ia realizar-se uma reunião sobre reestruturação, presidida pelo Director-Geral, portanto, dentro de toda a legalidade, quando já se tinham antecipado com a sua a proposta de 16-12-1974, que desprezara as disposições da Resolução do Conselho de Ministros?

11 – Porque, apresentaram a proposta de 16-12-1974 e declarado que, eu jamais dera contribuição para a reestruturação da DGMSG, e depois aderiram tão abertamente a uma proposta completamente diferente da sua, que havia sido (mal) copiada da minha de 12-1-1975, onde eu propusera a criação de um Instituto Geológico e Mineiro, com autonomia administrativa e financeira que englobaria o Serviço de Fomento Mineiro e os Serviços Geológicos - proposta que não tivera a mínima aceitação, quando foi apresentada. E porque é que o Dr. Delfim de Carvalho, aceitou fazer parte da Comissão Instaladora de um Instituto denominado de Geologia e Minas?

12 - Quais os sucessos que se obtiveram na Brigada, após o meu afastamento da sua chefia?

13 – Como explicam “as minhas incompatibilidades com a maioria do pessoal da DGMSG” com a grande homenagem que me foi feita por professores universitários, meus ex-alunos propositadamente vindos de todo o País e alguns destacados funcionários técnicos do SFM, quando me aposentei, uma vez que me caracterizavam como “incapaz das mais elementares regras de convivência humana”?
Como explicam que, passados 19 anos da minha aposentação, a incapacidade que terei demonstrado “para as mais elementares regras de convivência humana” se concilie com a maneira afectuosa como sou recebido, nas minhas frequentes visitas ao Laboratório de S. Mamede de Infesta, quer pelo Director, quer pela grande maioria dos funcionários do meu tempo que ainda lá permanecem, quer ainda por novos técnicos que ingressaram no SFM?
Como explicam também os convívios regulares que mantenho com eles, em almoços de confraternização e noutros encontros em datas festivas?

Em próximos darei respostas a estas perguntas.

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